No momento em que o prefeito Ivan Rodrigues finalmente decide que “licitar é preciso”, e passa a fazer licitações para contratação de pessoal e compra de materiais e de equipamentos, uma constatação merece destaque, e se impõe como prova de respeito à opinião pública.
O secretário-chefe da Secretaria de Licitações, conforme foi adiantado aqui na edição passada vem a ser o “primeiro-cunhado” Carlos Alberto Gomes de Figueiredo, servidor de carreira do INCRA (MT), cuja liberação do órgão federal para a administração de SJP teria demandado esforços, inclusive a intervenção do ministro Paulo Bernardo, do Planejamento.
Carlos Figueiredo atuou na campanha de 2008 como coordenador-geral e tesoureiro do então candidato Ivan Rodrigues, e acabou aceitando o convite para vir trabalhar na Prefeitura, como secretário, segundo dizem os comentários na Praça Central sem revitalização, ganhando menos (metade) do que recebia no INCRA. Tal gesto foi interpretado como “desprendimento de um homem abnegado”, capaz de trocar um salário de R$ 25.000 por vencimentos de R$ 12.500, só para ajudar o cunhado-prefeito a fazer “a mais espetacular administração da história de São José dos Pinhais”, como proclamava em 2009, esperançoso.
Contudo, apesar de toda a expectativa, Carlos Figueiredo pouco ou nada conseguiu realizar na cidade. Nomeado inicialmente para a “Secretaria de Planejamento”, ali permaneceu estagnado por meses, com escassas verbas e nenhum poder de mando, em suma, “sem autonomia de voo”, e nessa condição impedido de implementar os seus projetos mais arrojados.
Na continuação, Carlos Figueiredo mergulhou na penumbra do secretariado, sendo depois “resgatado” por Ivan Rodrigues, que o escalou para uma exótica “Secretaria Municipal de Recursos Materiais e Licitações”, onde agora está bem acomodado, e em condições de provar independência, realizando um trabalho sério para melhor aplicação dos recursos públicos.
Outros dois abnegados
Além do “primeiro-cunhado” Carlos Figueiredo, outros dois “homens de confiança” de Ivan Rodrigues aceitaram trabalhar na Administração Municipal de São José dos Pinhais “por abnegação”: Paulo Gomes Júnior, o “primeiro-sobrinho”, procurador do Estado do Paraná, “largou o salário de R$ 26.000” para ganhar míseros R$ 12.500 como secretário municipal. Ele começou na “Secretaria de Promoção Social”, mas depois saltou para a “Secretaria de Comunicação Social”.
Paulo Gomes Jr. conseguiu “licença” da Procuradoria do Estado por determinação do (à época) governador Roberto Requião (que, aliás, foi apoiado por Ivan Rodrigues na sua campanha ao Senado). Empossado o governador Beto Richa, veio a contra-ordem da PGE, para onde Paulo voltou chorando.
Por sinal, Paulo Gomes Jr. é tão abnegado que no Natal, desde 1999, se traveste de “Papai Noel”, e sai pelos bairros curitibanos carregando um sacolão, distribuindo presentes às crianças pobres.
Por sua vez, o advogado Luis Carlos Rocha, o “Rochinha”, também agiu como “abnegado” ao aceitar a Procuradoria Geral do Município, donde pulou de repente, há pouco, para a inexpressiva “Comunicação Social”. Contudo, a mostra de “abnegação”, nesse caso, se deu por vias transversas: no passado, enfrentando forte depressão, Ivan Rodrigues “largou sua empresa” em São José dos Pinhais e, durante dois anos, gerenciou o “setor financeiro” do próspero escritório de advocacia de Rochinha em Curitiba. “Agora ele tem a obrigação de vir me ajudar aqui”, exigiu o prefeito, em 2009.
Rochinha relutou, e muito. Seu ex-melhor amigo, Miguel Galoski, pregava aos quatro ventos que o advogado não aceitaria “virar secretário para ganhar R$ 12.500 por mês, quando fatura milhões na advocacia”. Contudo, Rochinha aceitou, na condição de que fosse “pelo prazo máximo de seis meses”. Mas gostou tanto do “sacrifício” que continua até hoje em SJP, “mais firme do que tronco de jequitibá”.
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