18 de out. de 2011

Stephanes dispara contra o PMDB nacional e a Câmara Municipal de Curitiba

Reinhold Stephanes: com a língua afiada
Deputado federal e ex-ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, falou ontem dos motivos que o levaram a sair do PMDB e destacou que não tem nada contra o partido no Paraná. “Eu fui acolhido muito bem pelo PMDB do Paraná, por Roberto Requião e sempre tive um ótimo relacionamento com todos no Estado, mas eu tenho muitas críticas à cúpula nacional do partido”, revelou. “A razão final para minha saída foi o veto para que eu ocupasse novamente o Ministério da Agricultura. A alegação era de que eu não servia ao partido. Quando estive no Ministério, eu afirmei que não estava lá para servir o partido, mas para servir à nação”, garantiu ele.

O ex-ministro contou também que teve dois grandes desentendimentos com o PMDB enquanto esteve à frente do Ministério da Agricultura. “O primeiro desentendimento aconteceu quando houve a indicação dos dirigentes dos fundos de pensão da Embrapa e da Conab, eu resisti aos nomes indicados e disse eu não aceito. E o segundo grande desentendimento veio com a indicação do nome do secretário executivo do ministério, que é a pessoa que substitui o ministro quando ele não está. A pessoa indicada não tinha histórico nem credenciais para assumir o cargo”, afirmou Stephanes, que deve se transferir para o PSD.


Revisão

Para o deputado, o Brasil tem que ser repensado. A começar por rever o número de prefeituras, as divisões dos Estados e municípios e até a existência das câmaras municipais. Citou como exemplo a Câmara Municipal de Curitiba, e foi duro nos comentários. Disse que fechar a Câmara não faria diferença alguma na vida dos curitibanos.


Peito e coragem

“Eu não sei por que existe uma câmara de vereadores. Fechar as portas da Câmara de Vereadores de Curitiba não teria impacto nenhum na vida do cidadão. Os vereadores deveriam estar lá para aprovar as leis do município, mas a prefeitura elabora as leis e acerta com os vereadores, paga, dá empregos, e eles viram assistentes sociais de luxo e usam isso para obter votos”, disparou Stephanes.


A agricultura

Em relação a agricultura, o ex-ministro avalia que os maiores problemas do setor são a falta de infra-estrutura logística e de uma política de fertilizantes para o país, em entrevista à rádio Bandnews de Curitiba. “O produtor perde muito dinheiro com a falta de infra-estrutura. As perdas nacionais chegam a um terço de tudo que é produzido”, informou.


Engavetado

De acordo com ele, o Brasil é dependente do potássio para a fertilizar a agricultura. “Nós importamos 90% do potássio utilizado na nossa agricultura e temos a maior jazida do mundo, mas não temos uma política para fazer a exploração”. Segundo Stephanes, o plano para a política de fertilizantes do país está parado no Ministério. “O plano foi apresentado ao presidente Lula, e a então ministra Dilma participou das reuniões”, revelou.


Sem vínculo

O caso dos fertilizantes ilustra a falta de ligação de seus sucessores com a pasta. “A agenda não interessa aos novos ministros, que também não conhecem a questão e o plano foi engavetado”. Stephanes criticou o atual ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho. De acordo com ele, falta a “alma da agricultura” ao ministro, que também não tem histórico como administrador. “Até pode dar certo, mas as chances são pequenas”, comentou.


Protestos

As declarações de Reinhold Stephanes repercutiram ontem mesmo na Câmara de Curitiba. O vereador e líder da oposição na Casa, Algaci Túlio (PMDB), pediu para que a direção tome “as medidas cabíveis”. Vários vereadores se manifestaram apoiando o pedido de Túlio. O presidente da Câmara, João Claudio Derosso (PSDB), afirmou que vai estudar formas jurídicas para cobrar explicações de Stephanes. (Roseli Valério)

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