Quando ouvi falar, ou ler, pela primeira vez, procurei me atualizar correndo em busca da legislação específica.
Afinal, que lei é esta tal de “Lei Geral da Copa”?
Nunca tinha ouvido falar, embora tenha sido cronista esportivo por muitos anos, desde os tempos em que se falava na desaparecida Jules Rimet, de tão saudosa memória.
Foi então que fiquei sabendo, aliás, como tantos brasileiros que sempre são surpreendidos quando alguma malandragem através de pessoas como nós, mas que se imaginam mais espertos do que os outros.
Tinha que ser assim depois que o futebol perdeu a aura de ingenuidade e que o tornou um dos esportes mais praticados do mundo, virando modalidade profissional.
Hoje, aliás, futebol é visto como negócio, um senhor negócio, diga-se de passagem.
Mas voltemos ao assunto que é título deste comentário.
Que Lei Geral da Copa é essa?
Nada mais nada menos que aquilo que a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), dona da bola no mundo, como se diz, estabelece por sua conta ou pelo menos quer assim estabelecer em todos os países onde se realizam os jogos de uma Copa do Mundo.
Ah, como mudou o velho e rude esporte bretão, diria certamente o Nêgo Pessoa ao discutir um assunto de tamanha importância quanto este de que tratamos no momento.
Não há de ver que a poderosa FIFA, hoje dirigida por Joseph Blatter e tendo como subsidiária no Brasil a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), comandada de Ricardo Teixeira, quer porque quer empurrar goela abaixo de um governo legalmente estabelecido as suas próprias leis, dirigindo o país nas praças onde serão disputados os jogos da próxima Copa do Mundo, em 2014, conforme as suas exclusivas determinações e regras.
Assim, cessa tudo quanto a antiga musa canta porque uma voz mais alto se levanta, diz manjado ditado que se tornou popular quando o clima de tirania ditatorial se pretende seja estabelecido.
Dilma Rousseff bateu de frente por aqui e lá na Europa, recentemente, colocando as coisas em seus devidos lugares e fazendo a turma da FIFA entender que este país tem dono e são os brasileiros vivendo sob as leis estabelecidas constitucionalmente e sem o tacão estrangeiro de quem quer que seja.
A FIFA pretende impor leis particulares, em coisas até corriqueiras, como permitir a livre venda de bebida alcoólica nos estádios, prática hoje abolida sob o argumento de que tal prática incentiva a violência em dias de jogos, ou acabar durante a Copa com os meio-ingressos para estudantes e idosos, determinações que já fazem parte do dia a dia dos brasileiros há muito tempo.
Mas tem mais, muito mais.
Tudo conforme os interesses da poderosa FIFA, para qual se curvam medíocres países que aceitam exigências que tornam a entidade cada vez mais poderosa.
Entram no jogo, além destas pequenas coisinhas, a contratação de fornecedores para obras nos estádios que serão locais das disputas, controle de toda a publicidade ligada à Copa e até, imaginem, a tipificação de novos crimes acompanhada pela criação de varas especiais para julgá-los.
Um estado paralelo que funcionaria no país durante o período da Copa, transformando Joseph Blatter e seus asseclas, desculpem o termo, em “donos” do país em que vivemos.
Ora, sim senhor, devagar com o andor que o santo é de barro.
Aqui o furo é mais embaixo, diz o brasileiro na linguagem direta e que todos entendem, sem firulas.
Brigando por mudança de leis federais, estaduais e municipais a FIFA quer, por conta da Copa do Mundo, dirigir os destinos deste país imaginando que todo o seu povo estará voltado exclusivamente em 2014 para os jogos a serem disputados nas cidades sedes escolhidas para sediar o certame.
Com Dilma Rousseff batendo pé e deixando claro que aqui, dentro de nossas linhas territoriais quem manda é a nossa Constituição, a presidente deixa claro que não vai mudar, só porque a FIFA quer, usos e costumes dos brasileiros gerenciados por alguém que se imagina vai assumir o país por alguns dias.
Mas, no meio do caminho existe o Congresso Nacional, e este composto pelas mais variadas mentalidades privilegiadas por uma escolha pelo voto, é que vão decidir de última hora algumas coisinhas, já se falando abertamente em Lei Geral da Copa.
Portanto, fiquemos alerta porque, embora interessada em defender nossas liberdades constitucionais, e as regras que a nível municipal e estadual nos colocam sob determinadas situações, a presidente da República pode acabar batendo de frente com alguns iluminados parlamentares que, no deslumbramento da bola rolando, podem chegar ao cúmulo de abaixar as calças e seguir tudo que a FIFA determinar para o Brasil em 2014. (Luiz Fernando Fedeger)
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