17 de ago. de 2011

Deputados relembram movimento que impediu privatização da Copel

Primeiro projeto de iniciativa popular do País e a sessão de maior duração da Assembleia fizeram história no Paraná


O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdir Rossoni (PSDB) fez ontem em plenário uma mea culpa por ter votado em 2001 a favor da privatização da Copel. Ele chegou a pedir vaias das galerias lotadas que acompanharam a sessão, com pessoas vindas de uma passeata do centro de Curitiba até a Casa, para marcar os dez anos de votação do projeto do então governador Jaime Lerner, que pretendia vender a Copel para grupos privados.

Rossoni disse que foi o maior erro que cometeu em sua vida pública e prometeu que enquanto for presidente da Assembleia não irá colocar em votação nenhum projeto que privatize companhias estatais do Paraná. Dias antes da votação do projeto de Lerner, os deputados votaram o projeto popular que impedia a venda Copel e a maioria governista o rejeitou.

Representantes de mais de 20 federações, sindicatos de trabalhadores e entidades de classe participaram pela manhã do ato público, na Assembleia Legislativa, em comemoração aos dez anos do movimento “A Copel é nossa”, contra a privatização da estatal paranaense de energia. A sessão foi proposta pelo deputado estadual Elton Welter ( PT), para discutir também a inclusão dos setores de energia e saneamento na agência reguladora e as parcerias público-privadas que o governo pretende implantar no Estado.

Welter lembrou que há 10 anos, o Fórum Popular contra a venda da Copel reuniu 200 mil assinaturas no primeiro projeto de iniciativa popular do País, para tentar evitar a venda da empresa. “Esta sessão [de ontem] homenageia todos os paranaenses que participaram daquela luta e mostra que continuamos vigilantes para evitar qualquer tentativa de venda do patrimônio público dos paranaenses. Continuamos intransigentes na defesa do Estado como indutor de desenvolvimento e na manutenção e valorização das nossas empresas”, disse o petista.

O deputado alertou os movimentos sociais e populares para ficarem atentos, especialmente sobre o projeto de parcerias público- privadas. “A mobilização popular garantiu a retirada da Copel da agência reguladora, mas precisamos discutir o modelo das parcerias público privadas. A bancada do PT vai realizar em 31 de agosto um seminário sobre o tema e queremos contar com a participação de todas as entidades”, anunciou.


O movimento

Para o coordenador do Fórum contra a venda da Copel, Nelton Friedrich, atualmente diretor da Itaipu Binacional, o ato público de ontem relembrou o movimento de cidadania mais importante da história do Paraná. “É extremamente importante reavivar a memória. O movimento coordenado pelo Fórum mostrou que a mobilização popular é um antídoto contra a omissão. “Estava se praticando um crime de lesa Estado e os movimentos sociais se mobilizaram e impediram”, afirmou Friedrich.

O deputado Caíto Quintana, líder da bancada do PMDB na Assembleia, lembrou que a sessão para votar a privatização da Copel, 10 anos atrás, foi a mais longa da história da Assembleia Legislativa do Paraná. Ele foi um dos articuladores do movimento que impediu o governo Lerner privatizar a Copel. Apesar de o projeto ter sido aprovado por um voto de diferença, a intensa atuação do Fórum Popular, com ações judiciais, além do projeto popular, fizeram com que grupos interessados desistissem da compra.


O voto

Caíto disse que ao ver nas galerias pessoas do Fórum contra a Venda da Copel, era impossível não relembrar os momentos passados em agosto de 2001. “Impossível também não lembrar a luta que tivemos que travar quando daquela verdadeira invasão dos manifestantes paralisando a sessão da Assembleia”, disse Caíto. “Os estudantes e trabalhadores passaram a noite aqui e enfrentamos muitas dificuldades para a retirada da polícia e seus cães que queriam tirar todos de dentro desta Casa”.

Ontem, nos discursos em plenário, nenhum deputado citou nomes dos que votaram pela venda da Copel. Boa parte deles ainda é deputado estadual. O voto decisivo para que o projeto do governo Lerner fosse aprovado, por exemplo, foi do deputado Nelson Justus (DEM). Na época ele tinha se licenciado da Assembleia para comandar uma Secretaria de Estado e quando da votação do projeto ele se afastou e retomou sua vaga de deputado por cerca de dois dias apenas para votar a favor da privatização da Copel. Foi 27 a 26. (Roseli Valério)

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