A bancada tucana na Câmara vai apresentar requerimentos de convite ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, para esclarecer o aporte de R$ 4 bilhões na fusão da multinacional francesa Carrefour com a rede de supermercados Pão de Açúcar. O primeiro pedido foi protocolado por Alfredo Kaefer (PR) na Comissão de Finanças e Tributação, o outro será encaminhado à Fiscalização Financeira e Controle.
O líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), afirmou em audiência com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que a transação representa o início do processo de desnacionalização da empresa brasileira. “Não estamos, se essa operação acontecer, internacionalizando o Pão de Açúcar. Estaremos desnacionalizando-o. É uma coisa diferente”, rebateu o deputado.
Nogueira condenou a injeção bilionária no negócio. “É uma questão de prioridade: o BNDES é um banco de fomento, que deve impulsionar o investimento na infraestrutura do país e não aplicar dinheiro público em supermercados”, lamentou, ao acrescentar que a maior parte dos recursos sairá dos cofres da União.
Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), a operação coloca por terra a definição de órgão social. “Há uma instituição privilegiando megaempresários com recursos públicos. O governo já transferiu cerca de R$ 260 bilhões do Tesouro da União para o BNDES, subsidiando juros que privilegiam apenas os mais próximos do poder”, condenou.
O grupo Carrefour anunciou na terça-feira (28) ter recebido uma proposta de fusão de ativos no país com os da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), holding que detém as lojas do Pão de Açúcar, Compre Bem e Extra, conforme noticiou a France Presse.
“O BNDES é um banco de fomento, de desenvolvimento, voltado a propagar a indústria nacional, a geração de emprego, financiamento de máquinas, infraestrutura”, ressaltou Kaefer. “Não aceitamos a concentração de um único recurso para a fusão num grupo varejista.”
Pimentel reconheceu a possível participação do banco de fomento, mas não deu detalhes. O ministro afirmou que a futura companhia abrirá uma porta para o ingresso de produtos brasileiros industrializados no mercado internacional. A declaração foi rechaçada por Nogueira. A declaração foi rechaçada por Nogueira. “A possibilidade de colocar mercadorias lá fora é bem menor que o risco dos bens importados virem pelo sócio que está sendo agregado nesse instante.”
O deputado recorda que o setor varejista está consolidado e a proposta aumentará a concentração, fazendo com que os fornecedores percam poder de barganha. E, ao contrário da versão oficial, os empregos serão gerados apenas no exterior. (Gabriel Garcia – Diário Tucano)
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