Se há uma coisa que se tornou tradição no país é uma carta com o nome de algum lugar, identificando resultados de encontros realizados em determinadas cidades após os quais surge um documento com decisões. Cantado em prosa e verso, este tipo de documento serve para o imediatismo do consumo por parte do público e da mídia, ocupando por alguns dias, quase nunca mais que uma semana, o espaço imaginado quando o mesmo foi elaborado. Foi assim com tantas Carta de Curitiba, Carta de Londrina, Carta de Foz do Iguaçu, ou do sul do mundo, documentos que foram ficando amarelados e se perderam nas gavetas do tempo.
Mas continuam a insistir, até hoje, em elaborar as tais cartas como fruto de algum encontro em que determinada classe ou político resolvem colocar a público o resultado de suas decisões em grupo. Este é um tipo de coisa que venho observando ao longo do tempo e que sinto ter se tornado uma verdadeira instituição nacional, havendo gente que ainda acredita neste tipo de expressão como se a tal carta fosse, realmente, um documento muito importante. Carta importante mesmo é a Constituição e pronto. O resto é o resto.
E assim mesmo, sem esquecer que certas coisas escritas na Constituição nem sempre são a verdade final, pois a qualquer momento um grupo de magistrados da mais alta corte do país pode decidir que até mesmo escrito das letras constitucionais não vale porque vai contra a modernidade de costumes, entendimento que aconteceu recentemente em relação ao tal casamento de pessoas do mesmo sexo. Mesmo sabendo que seria preciso uma emenda constitucional para mudar o que está escrito na Lei maior, decidiram uns e outros em Brasília que é assim e pronto, nem um juiz do interior que tentou alertá-los desta verdade conseguiu superar a modernidade de costumes que se espalha cada vez mais mudando totalmente o conceito de família no país porque em outros países tal procedimento vem acontecendo com a maior normalidade.
Além desta questão de carta que deu ensejo pudesse manifestar também a respeito de uma situação que é polêmica e tentam nos confundir quase que exigindo que aceitemos as regras impostas por uns e outros para o comportamento da sociedade, vejo como estranha as tais marchas disso ou daquilo. A última dessas marchas foi a das vadias, movimentação de um grupo que saiu às ruas por aqui, até mesmo sem saber as raízes de tal procedimento e suas verdadeiras razões, mas simplesmente porque gostaram do título.
A Marcha das Vadias nasceu do protesto de um grupo em Toronto, no Canadá, cuja realidade é totalmente diferente da brasileira, que resolveu manifestar-se contra um policial que disse durante uma palestra que “mulheres que não quisessem sofrer abuso sexual ou estupro deveriam evitar roupas de vadia”. Meia dúzia de mulheres canadenses se levantou contra o policial e do Canadá espalhou sua revolta pelo mundo, pois sempre aparecem alguns e algumas deslumbradas que encontram “n” motivos para criar qualquer tipo de manifestação desde que encontrem apoio em uma massa de manobra que se espalha a promover a sua como a única verdade verdadeira.
E assim nascem as passeatas, carreatas, manifestações e marchas, como essa das vadias que deu impacto nesta última semana a um grupo que assistindo sem saber por que imaginou tudo, menos que era um protesto por alguma coisa que aconteceu em outro país e que ouviram dizer por aqui.
Enquanto se confundem manifestações e situações de protesto por coisas que deveriam ter o tempo melhor aproveitado para discussões reais em torno daquilo que nos rodeia, com preocupações em relação ao ensino, saúde e outros, inclusive o pedágio que na forma como vem acontecendo no Paraná é um verdadeiro crime, assim caminha a humanidade.(Luiz Fernando Fedeger)
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