Senador do PMDB quer disputar o governo, mas precisa do PMDB disputando este ano; ex-tucano vai pedir a benção
As mensagens postadas de Brasília ontem no microblog twitter pelo senador Roberto Requião (PMDB) foram recebidas nos meios políticos do Paraná como declarações públicas de sua disposição de disputar o governo do Estado em 2014. No embalo do conflito no PMDB de Curitiba, presidido por ele e que enfrenta um forte grupo dissidente, Requião disparou: "Os pemedebistas que aderiram ao Beto [o governador tucano Beto Richa] desistiram dos sonhos e dos projetos. Nós não, vamos à luta agora, em Curitiba, e em 2014, no Paraná".
Para o senador, a disputa pela prefeitura da capital com candidato próprio, é o caminho das pedras para o seu partido retomar o governo do Estado em 2014. A fórmula é esta: "PMDB de Curitiba amplia sua base, lança candidato à prefeitura, e se prepara para disputar e voltar ao governo do Estado em 2014", na avaliação de Requião. Ele mandou também um recado a ala do partido que trabalha pelo apoio à reeleição do atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), que tem o apoio do PSDB de Richa. "Os pemedebistas que não acompanharem a candidatura própria em Curitiba , antecipam seu adesismo em 2014, ao governo [tucano]. Conto com os companheiros agora", disse Requião.
Pré-candidato à prefeitura, lançado por Roberto Requião, o ex-prefeito da capital Rafael Greca enfrenta a resistência de um grupo de deputados estaduais e lideranças do PMDB curitibano. A principal crítica é não ter berço peemedebista, não ter identidade com o partido, já que sua imagem pública é ligada ao antigo PFL e ao grupo do ex-prefeito e ex-governador Jaime Lerner. A ala do PMDB que está com Requião e Greca analisa a possibilidade de propor voto aberto na convenção municipal para que sejam conhecidos exatamente as posições dos delegados em relação às duas propostas que serão colocadas em votação.
Na opinião do senador, que não sabe quantos votos a candidatura própria poderá receber - o grupo dos deputados alega ter feito um levantamento e ter a maioria - quem votar pelo apoio a Ducci, estará traindo o partido. "Se nosso PMDB aceitar o adesismo frouxo e fisiológico estará se encaminhando para a extinção. O PMDB que pensa em 2014 me acompanha na candidatura própria em Curitiba em 2012", insiste Requião. Mas, segundo o seu grupo, apesar da posição contrária dos deputados, a executiva nacional vai garantir que o partido dispute a eleição com Greca. Como será colocada essa imposição na convenção, porém, o grupo não esclarece.
Cara a cara
Enquanto Requião assume o desejo de voltar ao Palácio Iguaçu e o PMDB de Curitiba se encontra dividido, um dos principais adversários do atual prefeito, o pedetista Gustavo Fruet, também estava em Brasília ontem. Ele foi para conversar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Fruet é pré-candidato à prefeitura da capital com o apoio do PT, e por isso foi encontrar-se com Lula para aparar as arestas resultantes de quando era tucano e um dos principais líder da oposição. Em especial nos anos de 2005/2006, quando fez parte da CPI dos Correios, que investigou as denúncias sobre o mensalão e o envolvimento de lideranças petistas no esquema.
A ponte entre Fruet e Lula foi feita pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que desde o ano passado trabalhou pelo apoio do PT à candidatura do pedetista. O ministro foi quem acertou a conversa com Lula e antecipou estar certo do apoio pessoal do ex-presidente a Fruet na eleição em Curitiba. Para Bernardo, que falou antes com Lula, os desentendimentos do passado fazem parte do processo político. Mas como as críticas do então tucano ao governo e aos petistas será um tema certamente explorado na campanha, o ex-presidente quis ouvir esclarecimentos do próprio pedetista.
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