Presidente do Conselho de Ética vai devolver dinheiro de seu jornal

O vereador colocou presidência à disposição; protocolado pedido de afastamento de cargos e de mandatos de cinco

Entre os cinco vereadores da Câmara Municipal de Curitiba, que na semana passada foram acusados de receber verbas de publicidade da Casa, o primeiro a anunciar a devolução dos recursos foi o presidente do Conselho de Ética Francisco Garcez (PSDB. Ontem ele disse que vai depositar em juízo R$ 31.500, valor correspondente à verba que a publicação dele, um jornal de bairro da capital recebeu para divulgação de publicidade do legislativo municipal.
Outra iniciativa do vereador tucano foi convocar para amanhã uma reunião do Conselho de Ética para que seus membros analisem e votem sobre a permanência ou não de Garcez no cargo. Apesar de afirmar que não se sente mais a vontade no cargo, ele vai deixar para os colegas decidirem. "Se o Conselho achar que devo me afastar, aceito prontamente (...). Eu não me sinto a vontade, por isso quero me colocar a disposição", alegou o Garcez. Mesmo assim o vereador afirma que não se beneficiou do esquema que existia na Câmara de Curitiba para veicular propaganda em veículos de comunicação regionais.
A denúncia contra ele, com base em levantamento de veículos de comunicação de Curitiba sobre o uso das verbas de publicidade da Câmara, é de que em abril de 2011, dois anos após Garcez ter assumido o mandato, seu jornal do bairro Boqueirão emitiu três notas fiscais, em sequência e em um único dia, para a Câmara, somando R$ 14 mil.
Quando da divulgação na semana passada, Garcez afirmou que tinha se afastado da direção do jornal assim que assumiu o mandato de vereador, mas uma alteração no contrato da empresa mostra que ele transferiu a sociedade para outra pessoa, somente dois meses após as primeiras denúncias de irregularidades na Câmara de Curitiba se tornarem públicas, em 2011. A explicação do tucano para o caso é de que houve uma falha técnica. "Uma barbeiragem administrativa, esse é meu crime, eu não fui beneficiado", insistiu.

Grupo dos 5
Garcez ter tomado a iniciativa de devolver o dinheiro e deixar que os integrantes do Conselho de Ética decidam sobre sua permanência na presidência não o livrou, porém, de fazer parte do grupo de cinco vereadores cujo afastamento dos cargos que exercem na Câmara de Curitiba e dos mandatos, num segundo momento, foi pedido formalmente ontem. A autora do requerimento é a vereadora Renata Bueno (PPS), que o protocolou junto à Mesa Diretora da Casa. No documento, que deve ser votado amanhã, ela alega que as denúncias da semana passada contra os vereadores já configuram "motivação suficiente para que haja afastamento" dos envolvidos.
Bueno, pré-candidata do PPS à prefeitura de Curitiba, argumenta no pedido que "os meios de comunicação denunciaram os vereadores por vários crimes, inclusive por compra de notas fiscais, peculato, formação de quadrilha, crimes contra a economia, entre outros". Além do afastamento de Garcez do Conselho de Ética, a vereadora pediu para que o presidente da Câmara, João Luiz Cordeiro (PSDB), os vereadores Emerson Prado (PSDB) e Algaci Túlio (PMDB), o ex-líder do prefeito, mas ainda corregedor da Casa, Roberto Hinça (PSB), deixassem os cargos que exercem no Legislativo da capital.
Antes da vereadora do PPS, outro colega seu havia pedido o afastamento dos cinco colegas, mas em discurso da tribuna. Paulo Salamuni (PV), que disputou a presidência da Câmara em março último e foi derrotado por Cordeiro, eleito depois da renúncia de João Cláudio Derosso (PSDB), defendeu que todos os citados deixassem os cargos ou que a questão fosse decidida por votação do plenário. Salamuni, que é de oposição, contraria a bancada, que preferiu esperar primeiro explicações pessoais dos vereadores denunciados para depois decidir que providências tomar. Nas denúncias recentes, um vereador da oposição, Algaci Túlio, está entre os que usaram verbas de publicidade da Câmara. Em seu caso, no programa de rádio que apresentava.