Decisão foi tomada sozinha pela Mesa Executiva da Assembleia, sem consulta aos líderes das bancadas
Não foi bem recebido por vários deputados a iniciativa do presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), o cancelamento do pagamento dos dois salários extras que iriam receber como de costume, no valor de R$ 20 mil cada. Nem tanto pelo prejuízo - apesar dos R$ 40 mil que deixarão de receber - garantem eles, mas pelo jeito como o presidente da Casa conduziu a questão depois da polêmica e repercussão negativa do pagamento. Chamados de décimo quarto e décimo quinto salário, pagos desde 1995 a título de convocação e desconvocação do Legislativo, Rossoni decidiu extingui-los no final da noite de anteontem em reunião apenas com os outros dois integrantes da Mesa Executiva, sem consultar os líderes das bancadas.
Uma reunião informal entre Rossoni e esses líderes havia sido realizada na tarde de anteontem, quando o presidente da Assembleia assegurou que a verba, de R$ 40 mil por deputado, seria mantida, por estar baseada legalmente em benefício pago aos deputados federais e senadores no Congresso Nacional. À noite, porém, depois das 22 horas, a Mesa Executiva voltou atrás e cancelou o pagamento de ambos os salários, sem conversar com as lideranças partidárias. A queixa dos líderes é que ontem Rossoni posou perante a opinião pública como quem teve a iniciativa de tomar a decisão, enquanto os demais deputados ficaram com a pecha de defensores desse privilégio.
Candidato
Para o líder da oposição, deputado Ênio Verri (PT), houve uma quebra de confiança. Observou que diversas decisões anteriores tomadas por Rossoni e a Mesa, foram tomadas em conjunto com os líderes. “O presidente expôs o líder da oposição”, criticou Verri, que só tomou conhecimento ontem do cancelamento, pela imprensa. Outro deputado que criticou publicamente Rossoni foi o peemedebista Nereu Moura. “Então que se extingua a reunião de líderes se é para ser assim", comentou.
Tanto Verri como Moura se disseram favoráveis à extinção do pagamento dos dois salários de "ajuda de custo", considerando que seria inevitável diante da pressão da opinião pública. Mas questionam a maneira como a medida foi decidida "de forma unilateral e autocrática" do presidente da Assembleia. Outros deputados falaram em off, acusando Rossoni de que estaria usando o cargo de forma personalista, para reforçar uma imagem de “paladino da moralidade”. Identificam nesses movimentos do tucano como pensados para pavimentar uma futura candidatura ao Senado, ao passo que a impressão que fica para a sociedade é que os outros parlamentares são defensores de privilégios questionáveis. (Roseli Valério)
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