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A vaca tá indo pro brejo, Sêo Gulin... |
Talvez os próprios
empresários não tenham se dado conta, mas a exploração dos serviços de
transporte coletivo em Curitiba, ao que tudo indica, nunca mais continuará a
mesma.
Podem até imaginar que
impedirão a vaca de ir para o brejo no que diz respeito ao modelo que durante algumas
décadas garantiram a exploração do setor conforme o desejo de poderosos que o
comandavam com esquemas que, por conivência ou omissão, eram sempre pura
sequência de uma atividade que se conduzia ao bel prazer de quem nunca se
imaginou um dia colocado na presente situação.
Seguindo o próprio
sentimento de mudanças que de repente explodiu nas ruas, reivindicando uma lei
do passe livre que abriu as comportas de manifestações, exemplarmente encaminhadas
através de uma CPI que contrariando alguns interesses se instalou na Câmara
Municipal de Curitiba, a exploração do transporte coletivo de repente virou
manchete e hoje vai revelando situações nunca dantes imaginada que seriam
colocadas contra a parede das análises e decisões.
Fator que complicou
ainda mais a situação curitibana no setor, a descoberta de um esquema que a
nível estadual e nacional privilegia determinados grupos, virou o caldeirão de
facilidades que os empresários de ônibus sempre tiveram na capital paranaense
que segue um modelo conveniente aos poderosos que dominam a área e promovem fajutas
licitações conforme o modelo de seus exclusivos interesses.
E, de repente, os
curitibanos, a exemplo do que acontece em Apucarana, onde um promotor desafiou
os poderosos e abriu uma caixa preta no país, ficaram sabendo que o modelo de
licitação para o transporte coletivo aqui é o mesmo que em Brasília onde
fraudes foram descobertas e deram ensejo hoje a sérias providências que
escandalizaram também os usuários do transporte coletivo na capital federal.
Curitiba, onde os
empresários do setor nadaram sempre de braçada, como se diz, viu-se de repente
citada nacionalmente porque a Auto Viação Marechal Ltda., do Grupo Gulin, dono da
área na capital paranaense, foi denunciada com seus advogados num esquema
fraudulento que aos poucos foi revelando seus tentáculos pelo resto do país
através de licitações armadas via Logitrans onde o paranaense Garrone Reck dita
o modelo de comportamento para escolha das empresas, ao mesmo tempo em que seu
filho, Sacha Reck, com o escritório de advocacia mantido com Guilherme
Gonçalves, cuida dos interesses empresariais que envolvem poderosos que fazem
parte de um verdadeiro cartel montado para manter sem problemas as possíveis
licitações de transporte coletivo que surgirem, como foi o caso de Curitiba
depois de muitos anos.
Hoje, tentando evitar
que a vaca vá para o brejo, empresários buscam confundir mais do que esclarecer
numa CPI tumultuada, inclusive, por figuras que sempre estiveram nas sombras
desta área, como Donato Gulin, que de repente virou manifestante de
arquibancada tentando criar ambiente histérico desfavorável aos integrantes da
CPI do Transporte Coletivo que segue no rumo certo.
Com a presença de uma
deputada distrital de Brasília, Celina Leão, que corajosamente veio trazendo
revelações e documentos do modelo de tapeação descoberto no Distrito Federal e
que envolve empresários curitibanos num esquema de fraudes e armações, as
coisas ficaram ainda mais sérias e explodiram de vez com decisões que a esta
altura vão deixando seriamente preocupados não apenas os envolvidos, mas seus
advogados e todos aqueles que durante anos tiveram na URBS omissão ou
conivência com acontecimentos agora revelados.
Chegando ao ponto de
pedir a abertura do sigilo fiscal das empresas, que passaram a usar a desculpas
de prejuízos para tentar buscar ainda mais elementos nos seus argumentos de
tarifas que os salvem do empobrecimento disfarçado, a CPI do Transporte Coletivo
vai deixando para a própria Receita Federal elementos que a esta altura
permitirá a todos se debruçarem na verdade das empresas que transportam os
passageiros de ônibus em Curitiba.
Sem que os demais
empresários do setor sejam lembrados, já que o Grupo Gulin é dominante da área,
todos estão agora expostos a uma situação que a princípio identificou um lucro
anual das empresas na ordem de 100 milhões de reais, enquanto prefeitos sempre
se curvaram às queixas e reclamações dos empresários que tinham numa planilha,
que somente eles conseguem realmente entender, o elemento chave para evitar
maiores preocupações em se desvendar a verdade do que ocorre no sistema de
transporte da capital.
É hora, mais do que
nunca, de abrir de uma vez essa caixa preta que tem na URBS o elemento chave
para serem reveladas as profundezas destas relações suspeitas e que contribuem
hoje para revelações que vão escandalizando os integrantes da CPI do Transporte
Coletivo, os quais não tem mais como voltar atrás senão abrindo totalmente a
caixa preta do setor, algo que foi sempre verdadeiro tabu prometido de se
desvendar em campanhas políticas, mas permanecia em mistério, ao menos até agora,
quando começou, enfim, a ser desvendado.
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