28 de ago. de 2013

Jaime Lerner: homenageado e condenado

Um condenado como outro qualquer
Seria cômico se não fosse trágico.

Inteirado de que a Associação Comercial do Paraná prepara homenagem significativa para Jaime Lerner, sinto a que ponto chega a hipocrisia da sociedade.

Fosse qualquer outro condenado e denunciado hoje por uma herança discutível que vem sendo motivo na atualidade de controvérsias que envolvem autoridades e os usuários de nossas rodovias, Jaime Lerner jamais deveria estar na condição de homenageado a esta altura.

Na semana passada, o ex-prefeito e ex-governador paranaense teve ratificada sentença da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná, que condenou Jaime Lerner a perda dos direitos políticos, ao pagamento de uma multa alusiva e a devolução de 4,3 milhões de reais aos cofres públicos por conta de um ato de improbidade administrativa.

Claro que ainda lhe cabem recursos e estes serão agora buscados e Brasília, no STJ, arrastando por mais algum tempo decisão final que permite, inclusive, registros de verdadeiro deboche como este que vi acontecer quando, o condenado em primeira instância vai ser homenageado.

Convenhamos, é muita cara de pau este tipo de comportamento que uns e outros disfarçam com um sorriso cínico por se tratar de uma figura pública badalada por sua atuação urbanística, mas nunca por um comportamento exemplar em termos político-administrativo.

Tendo deixado como herança de sua administração municipal ações pelas quais o saudoso Cândido Gomes Chagas jamais poupou o citado personagem, Jaime Lerner tem contra sua imagem os Jogos Mundiais da Natureza, a venda do Banestado, que ajudou com sua equipe administrativa a desgastar para venda a preço ridículo, além de sacramentar contratos do pedágio que usou, inclusive, como motivação para uma campanha de reeleição, além deste recente processo pelo qual foi condenado quando, a cinco dias do fim de seu governo pagou uma discutida conta que agora explodiu nesta ação pela qual foi condenado.

Seja pela Rua das Flores que bolou e virou cópia em outras cidades do país, ou pelos ônibus em canaleta, tudo bem que se prestem homenagens, embora não tenha feito mais do que sua obrigação como detentor de um mandato para o qual havia sido eleito por conta de uma imagem de esperança no urbanista e nunca no político e administrador, situações pelas quais se mostrou totalmente inábil.

Sem preocupação com aquilo que possam dizer por conta da contundência com que analisamos a presente situação, reafirmamos nossa mensagem para que não se  curvem àqueles que abominam a hipocrisia como instrumento que disfarça o comportamento puxa saco que prefere badalar do que reconhecer alguém comum, mas que sobrevive fantasiado por uma aura que esconde na verdade um condenado como qualquer outro. (LFF)

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