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Um condenado como outro qualquer |
Seria cômico se não fosse trágico.
Inteirado de que a Associação Comercial do
Paraná prepara homenagem significativa para Jaime Lerner, sinto a que ponto
chega a hipocrisia da sociedade.
Fosse qualquer outro condenado e denunciado
hoje por uma herança discutível que vem sendo motivo na atualidade de
controvérsias que envolvem autoridades e os usuários de nossas rodovias, Jaime
Lerner jamais deveria estar na condição de homenageado a esta altura.
Na semana passada, o ex-prefeito e
ex-governador paranaense teve ratificada sentença da 4ª Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Paraná, que condenou Jaime Lerner a perda dos direitos
políticos, ao pagamento de uma multa alusiva e a devolução de 4,3 milhões de
reais aos cofres públicos por conta de um ato de improbidade administrativa.
Claro que ainda lhe cabem recursos e estes
serão agora buscados e Brasília, no STJ, arrastando por mais algum tempo
decisão final que permite, inclusive, registros de verdadeiro deboche como este
que vi acontecer quando, o condenado em primeira instância vai ser homenageado.
Convenhamos, é muita cara de pau este tipo
de comportamento que uns e outros disfarçam com um sorriso cínico por se tratar
de uma figura pública badalada por sua atuação urbanística, mas nunca por um
comportamento exemplar em termos político-administrativo.
Tendo deixado como herança de sua
administração municipal ações pelas quais o saudoso Cândido Gomes Chagas jamais
poupou o citado personagem, Jaime Lerner tem contra sua imagem os Jogos
Mundiais da Natureza, a venda do Banestado, que ajudou com sua equipe
administrativa a desgastar para venda a preço ridículo, além de sacramentar contratos
do pedágio que usou, inclusive, como motivação para uma campanha de reeleição, além
deste recente processo pelo qual foi condenado quando, a cinco dias do fim de
seu governo pagou uma discutida conta que agora explodiu nesta ação pela qual
foi condenado.
Seja pela Rua das Flores que bolou e virou
cópia em outras cidades do país, ou pelos ônibus em canaleta, tudo bem que se prestem
homenagens, embora não tenha feito mais do que sua obrigação como detentor de
um mandato para o qual havia sido eleito por conta de uma imagem de esperança
no urbanista e nunca no político e administrador, situações pelas quais se
mostrou totalmente inábil.
Sem preocupação com aquilo que possam dizer
por conta da contundência com que analisamos a presente situação, reafirmamos nossa
mensagem para que não se curvem àqueles
que abominam a hipocrisia como instrumento que disfarça o comportamento puxa
saco que prefere badalar do que reconhecer alguém comum, mas que sobrevive
fantasiado por uma aura que esconde na verdade um condenado como qualquer
outro. (LFF)
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