10 de ago. de 2011

O PLÁ: A Copa de 2014 dentro e fora de campo

O Velho e Rude Esporte Bretão, como é o título de recente livro lançado pelo meu amigo Carlos Alberto Pessoa, o Nêgo Pessoa, me leva nesta semana a tratar a respeito do assunto.

Tudo porque o Brasil começou a viver mais intensamente a Copa de 2014, pelo menos por parte de um círculo hoje mais intimamente ligado ao assunto, diante do recente sorteio dos grupos para as Eliminatórias visando o mundial de futebol, que inclusive terá Curitiba como uma das cidades subsedes da disputa.

Profissional da comunicação que por muitos anos se dedicou à narração de grandes confrontos, inclusive entre seleções, adquiri alguma experiência a respeito do assunto.

Hoje, depois de jogar a toalha em relação a essa área de trabalho, acompanho esporadicamente o futebol porque me desiludi quanto a essa prática que nos tempos do romantismo de tal arte esportiva fazia realmente as emoções de um público que percentualmente era bem maior do que ocorre na atualidade.

O futebol perdeu, e muito, aquela aura que o cercava e que faz o material cuja análise pelo Nêgo Pessoa nos remete a um passado não muito distante, mas que permite relembrar emoções e momentos de glória vividos em um tempo cuja inocência, quem sabe, criavam imagens e situações que nem se comparam aos dias atuais quando este esporte se transformou em negócio.

Aliás, um senhor negócio. Embora veja hoje alguns atletas correndo para o público e beijando a camisa no lado que bate o coração, onde fica o símbolo da equipe que defende, sabemos que não existe mais o tal amor à camisa.

Tudo se resume a uma questão de sobrevivência para uns e de altos ganhos para outros que trocam de clubes, sejam jogadores ou técnicos, como muitos de nós trocamos de camisa, de olho na fortuna que passou a envolver as disputas por todos os cantos deste mundo.

E o Brasil, claro, celeiro de craques, virou o cobiçado mercado onde se abastecem mercadores do esporte que estão sempre de olho com objetivo de fazer o melhor negócio para si, como empresário, ou para os clubes que detém os direitos federativos, sobrando para os profissionais um percentual que se chegar ao exterior permite o sonho de amealhar verdadeira fortuna.

Mas o objetivo deste comentário não é o futebol propriamente dito, assunto no qual me vejo envolvido pela leitura de cabeceira da gostosa obra que o Nêgo Pessoa nos proporcionou relembrando o tempo do romantismo de nosso futebol com situações e personagens.

Aproveitei o assunto por conta do sorteio dos grupos para as Eliminatórias para registrar duas situações.

Primeiro, o fato de que um acontecimento deste tipo, que em outros tempos daria ao brasileiro a oportunidade para ficar comentando em casa, no serviço, nas reuniões sociais e nas ruas, todos os detalhes do envolvimento das seleções em cada grupo das Eliminatórias.

O assunto era esgotado porque o país, naqueles tempos, tinha milhões de técnicos e especialistas analisando e tirando suas conclusões sobre quem é quem e quais as seleções que realmente terão chance de chegar às finais da Copa. Os tempos mudaram.

Hoje, depois da repercussão no dia do sorteio e do final de semana, ninguém lembra mais nada e o assunto deu lugar a outras matérias de maior interesse e que exigem do cidadão uma corrida em busca da sobrevivência.

Sou até capaz de apostar que muitos nem lembram todos os atletas que foram astros do sorteio ou das chaves que reúnem as zebras e as melhores seleções.

É o fim definitivo do tempo de romantismo que exigia do cidadão brasileiro um conhecimento completo de tudo que se referia ao futebol, sob pena de que fosse considerada uma pessoa despreparada para a realidade do mundo que nos rodeava.

Pois é, os tempos mudaram e, infelizmente, muitos não se deram conta disso.

Além dessa mudança, há outra que está a caminho e é, justamente, a que mais me interessou colocar como destaque deste comentário.

Dilma Rousseff, cumprindo o papel de presidente da República, cujo governo começou a se identificar para os brasileiros com uma imagem de personalidade forte e objetiva, foi quem nos deu oportunidade para esta análise.

No combate à corrupção, era inevitável que o futebol, como a política, celeiro de situações que vinham se arrastando praticamente sem nenhum controle, fosse transformado, de repente, em alvo dos novos tempos que estamos vivendo e que é o da transparência total.

Usando Pelé, o jogador símbolo de nosso futebol, a presidenta chutou para escanteio Ricardo Teixeira, um verdadeiro mal que domina este esporte há muitos anos e que recebeu o comando do sogro, João Havelange, como se esta área do país verde-amarelo fosse objeto de herança familiar.

Vários corruptos foram caindo através dos tempos, mas Ricardo Teixeira se mantinha, pelo menos até este recente registro, como o “dono” do futebol brasileiro e da Copa que terá o Brasil como sede em 2014.

Dilma Rousseff deu o recado.

Evitou o presidente da CBF com sua imagem contaminando a Presidência da República e deu o recado curto e grosso de que, gostem ou não, a Copa de 2014 será, também, o divisor de águas de um país que combate a corrupção.

Na maior cara de pau Ricardo Teixeira se fez de desentendido e graças ao puxa-saquismo daqueles que vivem do futebol e das ações deste dirigente, passou como se o recado de Dilma Rousseff contra a corrupção no futebol não tivesse o endereço certo.

Por essa razão é que resolvi falar de futebol como alavanca de um comentário que na verdade tem o objetivo de saudar, com muito entusiasmo, os novos tempos que estão tomando conta do país, o tempo de combate à corrupção.

No futebol, este combate tem um alvo: Ricardo Teixeira. (Luiz Fernando Fedeger)

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