Mais 5 aroeiras e 2 palmeiras “de coquinho” foram cortadas pelo tronco, com motosserra, a partir das 7 horas da manhã de terça-feira, dia 19
Ainda se refazendo do golpe sofrido com a derribada do seu casarão histórico, onde ficava o Gabinete do Prefeito, a comunidade sãojoseense é sacudida por nova e violenta agressão à sua memória, agora num covarde e fulminante ataque às árvores do antigo terminal de ônibus.
A demolição do prédio secular teve início (com a chegada das retroescavadeiras) por volta de 1 hora da manhã de um sábado (14.5.2011), enquanto “a preparação” para a matança das árvores começou às 6 horas, quando batepaus da Prefeitura, armados de motosserra, e escorados por tratores e caminhões, tomaram posição para o ataque, iniciado às 7 horas, e concluído a toque de caixa.
“Foi tudo muito rápido. Pedi que não matassem pelo menos o cedro, mas eles não atenderam, e então eu saí de casa, fui andar pela Rua XV, para não presenciar o crime”, diz uma comerciante que mora ali, na chamada Praça Getúlio Vargas. “Mas não dê meu nome, pois eles podem me perseguir”, pediu, dando a entender que teme a reação (do prefeito e prepostos) aos seus comentários.
“Eu conhecia esta árvore há 60 anos, e meu pai sempre falava que, quando se entendeu como gente, ela já estava aí. Por isso calculo que o cedro tinha mais de 100 anos”, emenda a comerciante, insistindo: “Não me identifique, que esse povo do Rio de Janeiro* é vingativo”.
Donos de lanchonetes, farmácias, lojas de móveis e sapatarias no entorno do antigo terminal ficaram estarrecidos com a matança das árvores. Dois deles marcharam para cima dos homens das motosserras, mas eles exibiram “a permissão” dada pela “Secretaria de Meio Ambiente” da própria Prefeitura, assinada pela jovem Elaine Vieira da Silva, por pressão da Secretaria de Governo.
“Resta saber se o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) vai ficar silente diante desse abuso. Se suceder isso, o crime será informado diretamente ao governador Beto Richa, e ao mesmo tempo apresentaremos denúncia ao Ministério Público” para as providências legais, garante o advogado Ralph Moreira, acionado por comerciantes e moradores da Praça Getúlio Vargas.
* A reportagem de Impacto PR apurou que, no comércio, reina uma confusão generalizada, envolvendo as origens do atual prefeito Ivan Rodrigues, que, nascido e criado em São Paulo, veio para São José dos Pinhais já taludo, há 12 anos, mas muitas pessoas acham que ele seria “um carioca”, do Rio de Janeiro.
“Operação passa-moleque”
Supostamente para “dourar a pílula”, a Prefeitura mandou a Secretaria de Meio Ambiente fazer um comunicado (cópia) sobre a ”necessidade” dos cortes. E então montaram um lacônico e tendencioso “Informativo” de xérox, em preto e branco, que foi distribuído depois das 5 horas da tarde de segunda-feira (dia 18) exclusivamente aos 14 comerciantes da área.
A reação foi imediata. Dos 17 papelotes entregues, 9 foram rasgados na presença da infeliz funcionária “terceirizada” que foi fazer a distribuição, e saiu do local enxotada, sob impropérios. Em nenhum momento a moça encarregada da “tarefa infame” avisou que o corte seria imediato.
“Fotógrafos amadores” (empregados do comércio local) fotografaram a matança das árvores, porém de longe, por temerem os motosserradores, operários “trazidos de fora” por uma empreiteira não identificada. Onze fotos enviadas ao Impacto PR ficam à disposição de interessados
“A Prefeitura mente quando diz que as plantas estavam podres. Agora eles vão fotografar outras árvores doentes para provar essa histórica absurda”, preocupa-se um empresário.
Bravata no Meio Ambiente
A pouca seriedade com que a Prefeitura de São José dos Pinhais “toca” a questão ambiental seria cômica se não fosse trágica. Agora mesmo, dias 29 e 30, será realizada a risível “VII Conferência do Meio Ambiente”, para o quê estão voando “folders” e cartazes pela cidade (cópia).
Sob o mando do prefeito Ivan Rodrigues, a Secretaria do Meio Ambiente foi transformada num “troço” sem força e sem alma, em que a castração de 4 cães virou motivo de foguetório. “Foram subtraídos 8 bagos, desse modo evitando-se a produção de 12 milhões de espermatozóides”, bradou “Zé Coió”, jornalista-animador da Comunicação Social, no evento comemorativo do feito, ao qual o burgomestre não compareceu, sendo representado pelo chefe de Gabinete, Miguel Galosky.
Contudo, por conta da matança das árvores, já se comenta que Ivan Rodrigues “pode viajar” para não ter que ir à tal conferência, pois já estão programando faixas e cartazes de protesto.
Registro para a história
Das 5 aroeiras decepadas, só se pode dizer que tinham cerca de 20 anos, em média 7 metros de altura, e proporcionavam boas sombras. Das duas “palmeiras de coquinho”, que davam frutos, aproveitados por crianças e moradores de rua, mas espalhavam “bagaceira” ali (e, suspeita-se, por tal motivo foram condenadas pelo arquiteto que “bolou” a nova praça, em construção). Estas sete árvores eram viçosas, enfeitavam e davam um certo ar de hospitalidade ao ambiente.
Do cedro solitário, registra-se que se tratava de bela, robusta e frondosa árvore com mais de 100 anos, “DAP” (Diâmetro à Altura do Peito) de 90 centímetros e 26 metros de altura, constituindo-se um monumento natural à natureza, exuberantemente verde, altiva, austera, rija, “ponto de pouso” de centenas de passarinhos, como bem-te-vis, janicas-de-barro, sabiás, canários e periquitos, que faziam a festa na sua copa, em revoadas e multiformes sinfonias, principalmente ao amanhecer e finais de tarde. Até urubus se aninhavam nele, depois de voos curtos, do alto da caixa d’água.
Por causa da mesquinha atitude da Prefeitura, a Praça Getúlio Vargas está silenciosa e triste. Não há mais nenhum passarinho esvoaçando por lá, onde só pulsam os corações partidos por essa desgraça, enquanto as mentes fervilham num só pensamento: “Ivan Rodrigues prefeito, nunca mais!”
Informações sobre cedros
“Os Cedros são os monumentos naturais mais célebres do universo. A religião, a poesia e a história igualmente os consagrou. São seres divinos sob forma de árvores” – Lamartine, poeta francês – século XIX.
Nos primeiros três anos de vida, as raízes do cedro crescem até um metro e meio de profundidade, enquanto a planta tem só 4 a 5 centímetros. Aos quatro anos, ele começa a crescer (20 centímetros a cada ano) e só a partir dos 40 anos produz sementes.
Em algumas culturas nativas, o cedro é considerado a "árvore da vida", pois (...) lembra-nos que as pessoas, os animais e as plantas são todos parentes, o mesmo tipo de ser, interligados, comunicando-se numa linguagem que pode ser relembrada pela memória de nossas células.
Desde a antiguidade, nos meios populares, os cedros servem para purificar e afastar energias intrusas, bem como para atrair boas influências. Muitos carregam folhas de cedros em suas sacolas de medicina e cura, para afastar maus espíritos.
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