10 de jun. de 2011

“República de Cambé” domina hoje o governo de Beto Richa


Com a inclusão de Luiz Abi Antoun, cujo trânsito londrinense hoje se identifica na capital lado a lado com o governador, na verdade é uma verdadeira “República de Cambé”, como se espalham pelos corredores do Centro Cívico, que domina a situação hoje no governo paranaense.

E com Durval Amaral (DEM) na Casa Civil e Luiz Carlos Hauly (PSDB) nas Finanças, as principais ações do governo Beto Richa (PSDB) se sujeitam aos humores de ambos conforme os comentários que correm à boca pequena nos meios políticos.

Em situações favoráveis e outras nem tanto, os dois tem o principal poder de fogo, como dizem, junto ao governador, fazendo as coisas girarem em torno de decisões que inevitavelmente vem desde o passado até os dias atuais.

O terceiro neste domínio de ações junto ao governo, responsáveis por decisões que fazem o governador consultá-los inevitavelmente quando existe alguma coisa mais séria a decidir, é considerado peça chave em um esquema onde surgem outros nomes com menor ou maior intensidade de influência, mas nenhum com tanta chance de influir quanto os três nomes citados e que formariam uma verdadeira “República de Cambé”.


Quem são

Durval Amaral, cujo nome por extenso é José Durval Mattos do Amaral, tem de longa data ligação com Luiz Carlos Hauly, ambos oriundos de uma mesma área política, e já nos anos 90 conviviam politicamente em um Paraná que tinha por destaque o município de Cambé, próximo 16 km de Londrina.

O atual Chefe da Casa Civil do governo Beto Richa, embora não se tenha nenhuma notícia de milagre econômico no estilo Antônio Palocci, que ocupa o mesmo cargo no governo Dilma, tem sua história lembrada não apenas por seis mandatos como deputado estadual, mas também pelo fato de ter iniciado sua atuação política como chefe de gabinete da Prefeitura de Cambé em 1986, depois eleito vereador e em  seguida vice-prefeito do mesmo município em 1988.

Durval Amaral foi secretário do Trabalho do governo Requião entre 1992 a 1994, rompendo com este em 1997 quando já era deputado e virou líder do governo Jaime Lerner, deixando o PMDB e se abrigando no PFL.

De sua lembrança do passado consta uma ação penal nº 1998.04.01.020559-0/RS, que o blogueiro Zé Beto fez questão de lembrar ao público em 1/1/2011, quando Beto Richa foi empossado levando para Chefe da Casa Civil justamente Durval Amaral.

A ação do Ministério Público Federal, que só não prosperou por conta do foro privilegiado do deputado, lembra de sua participação em um grupo que teve o restante punido por emissão fraudulenta de duplicatas sem a origem mercantil correspondente mediante a conivência de gerentes e assistentes gerenciais do saudoso Banestado, agência de Cambé, fatos ocorridos entre junho e novembro de 1995.

Durval Amaral ainda hoje é lembrado por sua participação nesse esquema que envolveu da Agropecuária Oásis Ltda, da qual era proprietário, tendo a Assembleia Legislativa evitado que a ação prosperasse em um processo no qual Luiz Carlos Hauly foi uma de suas testemunhas.
Mais recentemente um fato legislativo fez lembrar o seu nome por conta do ex-prefeito de Marialva, Humberto Feltrin, que teria sido funcionário fantasma do gabinete do deputado Durval Amaral segundo se denunciou na época.

Mas há um fato mais grave e ainda não devidamente esclarecido que colocou seu nome em evidência.

O nome de Durval Amaral foi citado com todas as letras na delação premiada de Beto Youssef no processo envolvendo o escândalo Olvepar-Copel-Adifea, que causou um prejuízo ao estado da ordem de 300 milhões de reais.

 O atual Chefe da Casa Civil era, na época do escândalo, líder do governo Jaime Lerner, e consultando o site Paraná Online em matéria de 13 de abril de 2004 todos os detalhes ficam conhecidos em relação a esse escândalo.

Este caso Olvepar-Copel-Adifea, só para reavivar a memória de uns e outros, denunciou Jaime Lerner e Heinz Herwig, este último também com foro privilegiado por ser conselheiro do Tribunal de Contas, sendo lembrados na delação premiada de Beto Youssef, também, os nomes de Rafael Iatauro, integrando o governo Beto Richa na Centrais Elétricas do Rio Jordão S.A. (Elejor), e Valdir Rossoni (PSDB), atual presidente da Assembléia Legislativa, sem esquecer Ingo Hubert, que foi um dos principais personagens nesta história.

O assunto, que está na folha 159 do apenso 29 do inquérito da Polícia Federal a respeito, desembarcou no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e conta do esquema de desvio de 39 milhões de reais, conforme acusação de Cezar Antonio Bordin.

Beto Youssef, o doleiro que cuidava com carinho de negócios verdes durante os tempos do governo Lerner, chega a ser citar que Durval Amaral nesse esquema teria recebido 1,1 milhão e 1,09 milhão de dólares ou reais, recursos que foram entregues na casa de Ingo Hubert, que recebeu 580 mil reais.

Esta situação que supostamente fazia parte de um esquema em que Durval Amaral deveria receber a grana para dividir com outros deputados envolvidos no esquema, gerou desconforto e levou, na época da denúncia, o deputado Nereu Moura (PMDB) a sugerir a instalação de uma CPI na Assembleia Legislativa, onde foi citado também o deputado naquela época, Tony Garcia, tudo por causa de contundente depoimento de Cesar Antonio Bordin.

Com uma biografia que em seu site o identifica por várias e destacadas ações como deputado com seis mandatos, estando atualmente na Casa Civil do governo Beto Richa, embora mantenha gabinete com funcionários na Assembleia, Durval Amaral, que passou pelos governos de Lerner, Requião e serve ao atual governo, se apresenta hoje como um dos principais nomes do DEM em nosso estado, sendo cotado nos bastidores como futuro conselheiro do Tribunal de Contas na vaga a ser aberta com a saída em 2012 de Heinz Herwig.

Na Casa Civil, em termos de nomeações, tudo passa por seu crivo, assim como decisões maiores do atual governo, sendo responsável por cochichos ao pé do ouvido do governador.


Luiz Carlos Hauly

O segundo integrante desta “República de Cambé”, que tem hoje o maior poder de decisão como secretário das Finanças, é considerado um técnico-político de jogo duro, o que vem levando a muitos secretários encontrarem o seu nome como instrumento de desculpa pela falta de obras e atendimentos de verbas que os prefeitos reclamam e virou também o alvo da imprensa pelo não atendimento dos principais pleitos nessa área.

Hauly, que apareceu na campanha de Beto Richa, foi sempre um deputado federal destacado, considerado um dos principais nomes do staff político do senador Álvaro Dias (PSDB), que o transformou, inclusive, em secretário de Finanças quando foi governador, entre 1987 e 1990.

Aliando-se a Beto Richa já na campanha interna do PSDB que discutia o nome de Álvaro Dias e do atual governador para ser o candidato do partido nas eleições de 2010, Luiz Carlos Hauly deixou Álvaro Dias com mágoa, embora jamais tenha expressado publicamente tal situação que alguns levaram ao senador citando-o como traidor.

Candidato a prefeito de Londrina por mais de uma vez e sempre perdendo para Antonio Belinati (PP), Hauly tem como sonho chegar à prefeitura, o que imagina poder concretizar em 2012 se Beto Richa não lhe trair no apoio decidindo pelo nome de Marcelo Belinati.

Com a caneta cheia como secretário de Finanças, Hauly tem em Amauri Escudero, diretor-geral desta secretaria, o seu companheiro de todas as horas desde Brasília e elemento encarregado de apagar e causar incêndios conforme as conveniências graças ao livre trânsito com a imprensa.

Instrumento de boatos constantes, Hauly tem seu nome citado nos últimos dias com maior insistência, justamente no ambiente interno deste novo governo, colocando-o como na marca do pênalti e pronto para voltar à Brasília tirando Luiz Carlos Setim (DEM) daquela privilegiada situação.

Resta saber a esta altura, tendo em vista seu sonho político em relação a Londrina, qual a situação que melhor lhe consultaria: permanecer secretário de Finanças ou voltar a ser deputado federal.

Mantida a “República de Cambé” no domínio político da situação junto ao governador Beto Richa, claro que a melhor conveniência será manter-se com a caneta cheia na Secretaria das Finanças.


Luiz Abi Antoun

Sem uma foto que acompanhe seu nome em várias situações de consulta à internet, este ator político do cenário paranaense que acompanha Beto Richa desde que o mesmo iniciou nesta área de atuação, seja com o deputado ou prefeito de Curitiba, Luiz Abni Antoun completa o tripé de uma verdadeira “República” que dominaria os principais atos econômico-financeiros do governo Beto Richa.

Um vulto que de repente tem tamanho poder de decisão, mas que não conseguiu escapar da lente de pesquisa do Impacto PR à busca por sua imagem, Luiz Abi Antoun é o chamado “companheiro do peito”, que Beto leva por todos os cantos, inclusive o acompanhava naquele “quase” acidente com helicóptero no Campo de Marte, em São Paulo.

Com Beto, governador, discutindo assunto econômico de peso em relação ao Paraná, ao seu lado o principal conselheiro teria sido Luiz Abi Antoun, não se sabendo com exatidão, ainda, qual foi ou foram os assuntos tratados com o Banco Pactual, motivo de especulações que vão de negócio com a ParanaPrevidência até folha de pagamentos que destinaria recursos do funcionalismo longe do Banco do Brasil, onde ocorre o pagamento atual dos servidores.

Casado com a jornalista Eloíza Fernandes Pinheiro Abi Antoun, que através da Copel chegou a vice-presidente do Sercomtel, Luiz Abi Antoun é uma figura que poucos conhecem, mas que justamente por isso domina um universo e uma situação que muitos invejam, isto é, o amigo do peito.

Com influências que podem admitir ou demitir no governo Beto Richa, além de recomendar decisões de importância na área econômico-financeira, Luiz Abi Antoun é um dos poucos que tem acesso as decisões da “República de Cambé” quando ela atua em algum assunto de interesse do governo.


Governo
                      
Beto Richa continua bastante distante do público e sem uma comunicação mais eficiente que possa realmente projetar o seu governo.

Seis meses já se passaram e pouco se conhece do que foi realizado, seja em reuniões, promessas e até liberação de recursos, gerando com isso muitas especulações.

Sem chance de manter discurso da herança maldita recebida de Roberto Requião e Orlando Pessuti (PMDB), e sem comunicação com a imprensa, Beto Richa nesse caso do “esquecimento” a que poderá ser submetido por sua própria conta, não poderá contar com o auxilio da “República de Cambé”, que em relação à imprensa tem mínimo destaque, a não ser pela liberação de dinheiro.

Enquanto se mantiver o atual estágio de entendimento governo-imprensa, depois de seis meses de administração, muitas situações passam a ser vigiadas com maior interesse pela própria oposição, de olho nas mudanças políticas que se aproximam em 2012 e 2014.


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