13 de dez. de 2013

MP x SEGURANÇA PÚBLICA

A prisão do ex-delegado geral da Policia Civil do Paraná, Marcus Vinicius Michelotto, nesta semana, fez explodir publicamente a guerra pura que estão travando há algum tempo o Ministério Público, leia-se GAECO, e a Segurança Pública em nosso Estado.
Colocando frente a frente o Secretário da Segurança do Paraná, Cid Vasquez, e o Promotor Leonir Batisti, responsável pelo GAECO- Grupo de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público Estadual, uma crise veio se desdobrando há algum tempo e chegou finalmente ao confronto mais direto.

Ninguém melhor que Joyce Hasselmann, que gosta de aparecer mais que propaganda da Friboi, para mediar um confronto de tal porte, cuja “briga” ficou mais do que clara nesta semana por conta das situações criadas dos dois lados, MP e Segurança Pública.
Nesta semana foram cumpridos dezenas de mandados de prisão, busca e apreensão, com 14 pessoas acusadas de envolvimento a máfia dos caça-níqueis de Curitiba e região, colocando neste grupo três policiais civis e cinco policiais militares.
Episódio relacionado com a “mansão cassino”, local de jogo que explodiu em 2012, motivou a ação desta semana e que colocou o Ministério Público em ação através do GAECO, mobilizando mais de 100 policiais e viaturas em uma operação que despertou a atenção da cidade.
A prisão dos delegados, Marcus Michelotto e Geraldo Celezinski, fez detonarem manifestações de outras autoridades e do Sindicato dos Delegados do Paraná, Sidepol, cujo presidente Claudio Marques condenou a ação do GAECO.
Enquanto isso, foi adiado mais uma vez, ficando para o próximo dia 17, o julgamento do pedido de revogação da licença que permite que o Procurador Cid Vasquez se afaste do Ministério Público para ocupar o cargo de Secretário de Segurança, uma situação mais ou menos parecida com aquela que durante o governo Requião pegou no contrapé o então Secretário Luiz Fernando Delázari.
Esta situação nova criada pelo GAECO deixou no ar um “cheiro de vingança” do Promotor Leonir Batisti, contra o Secretário Cid Vasquez que decidiu implantar um sistema de rodízio para substituir todos os 57 policiais cedidos ao grupo pelo MP.


HISTÓRIAS E ESTÓRIAS
Foi uma semana agitada com tais prisões por parte do GAECO, em nome do Ministério Público, dando sequência a uma ação que vem desde 2012 quando em 27 de janeiro um grupo de policiais civis invadiram a “mansão-cassino”, como era conhecida uma casa de jogos no Parolim, ação que foi vista como de protesto dos mesmos contra a cúpula da Policia Civil, e que não contou com o comando de um delegado, ocasião em que prenderam três pessoas e apreenderam cerca de 40 maquinas caça-níqueis, além de estar o local sob a suspeita de ponto de prostituição, e de distribuição de drogas.
Dali em diante passou a se fazer sentir uma verdadeira guerra interna dentro da corporação, com o delegado chefe da Policia Civil, Marcus Michelotto classificando a operação de ato político e ação miliciana, enquanto os policiais participantes da mesma passaram a denunciar perseguições.
Como a Corregedoria da Policia não teria agido a contento os policiais reclamantes de retaliação levaram o assunto ao GAECO e buscaram no Ministério Público a ação esclarecedora, inclusive em relação aos verdadeiros donos da “mansão-cassino”.
Com prisão temporária dos delegados, enquanto o inquérito no MP segue sob sigilo, a semana ficou bastante agitada com declarações de bastidores admitindo que virou guerra pura a “briga” entre o MP e a Segurança Pública.
 Origens:
Em 2011 a agitação em torno de ligações de autoridades com os jogos de azar já tinham gerado reportagens amplas que foram confirmadas por um ex-comandante da Policia Militar do Paraná.
Desde então as atenções do Ministério Público voltaram-se para esta área.
Em Novembro de 2011 o coronel Marcos Theodoro Schremeta, comandante da Policia Militar, admitiu publicamente manter relacionamento com gerentes do jogo do bicho e da máfia dos caça-níqueis de Curitiba, gerando imediata repercussão, pois foram dadas logo após o mesmo ter sido exonerado do comando daquela corporação, lembrando que seu pai havia sido gerente de casas lotéricas e havia trabalhado com jogos de azar, razão pela qual mantinha relacionamento com os mesmos, mas negando qualquer envolvimento com seus negócios.
Marcus Michelotto, ex-diretor da Policia Civil, teve uma atuação cercada de situações polêmicas que explodiram com a história da “mansão-cassino” que teria dado origem a muitas e comprometedoras situações.
Dentre algumas situações que envolveram seu período como dirigente do setor, está aprisão de dois delegados presos pelo GAECO por envolvimento em um esquema de cobranças de propinas de autopeças e ferros-velhos, situação que ficou ainda mais conhecida porque ligações telefônicas deixavam transparecer o envolvimento do diretor da policia civil Marcus Michelotto, e da facilidade de um dos envolvidos com auxiliar direto do governador, no chamado esquema “Brother”, que deu muito que falar.
Complicando ainda mais a situação, reportagens da Gazeta do Povo, em 2012, mostraram privilégios de uns e outros usando viaturas policiais para levar filhos à escola ou fazer compras em supermercados, fatos que comprometeram Micheloto como delegado geral, denunciando-se, ainda, que dinheiro destinado à manutenção de delegados não chegavam ao verdadeiro destino e que um aumento salarial aos delegados havia sido maior do que aquele dado aos investigadores.
Em julho deste ano, quando explodiu mais uma crise que envolveu delegado e policiais por conta do Caso Tayná, o diretor da Policia Civil, Marcus Micheloto deixou o cargo diante das denúncias de que suspeitos haviam sido torturados em delegacias.
Rodrigo Santorio Rios, advogado de Marcos Micheloto, disse ter sido desnecessária a prisão temporária do mesmo que tem endereço fixo e é um servidor exemplar.
Na presente semana, inclusive, o bom relacionamento do governador Beto Richa com os delegados de policia representantes da classe, que tiveram jantar de confraternização de final de ano, do qual participaram o Secretário da Segurança Cid Vasquez, os deputados estaduais Nelson Justus e Alexandre Khoury, mais o assessor especial Ezequias Moreira, ficou claro que nunca imaginaram que poucas horas depois explodiria a presente situação que deixa bem claro estar mais do que confirmada uma guerra pura entre o MP e a Segurança Pública.

Para o advogado Milton Miró Vernalha Filho, do Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná, Sinclapol, ficou claro que a ação do MP via GAECO não passou de “um show midiático”, para atingir o Governador e o Secretário da Segurança. 

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