19 de jun. de 2012

Prefeito de Curitiba entrega ao MP documentos e fala com deputados

Ducci leva IR e contratos de empresas, nega suposto enriquecimento ilícito e se reúne com aliados de Richa

Foi mais atarefado do que o normal a segunda feira (18) para o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB). Ele começou entregando pessoalmente ao Ministério Público do Paraná, cópias de declarações de Imposto de Renda dele e dos familiares e cópias de contratos sociais de empresas a ele vinculadas. Seriam as provas de seu desmentido sobre o que publicou a revista Veja do último final de semana, de que ele teria incorporado patrimônio de R$ 30 milhões de 2010, quando assumiu a prefeitura, para os dias atuais. Ducci garante que os bens declarados e heranças foram recebidas por Marry Dal Prá Ducci, com quem é casado há 29 anos. Ele também se reuniu depois com os deputados estaduais que são aliados do governador Beto Richa (PSDB), principal apoiador de sua reeleição à prefeitura da capital.
No MP Estadual, os documentos foram entregues ao procurador-geral de Justiça, Gilberto Giacoia, e ao coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público, procurador de Justiça Arion Rolim Pereira. Ducci procurou o MP-PR para esclarecer o que a revista publicou sobre seu suposto enriquecimento ilícito. Diante da denúncia e com a entrega dos documentos por Ducci, o Ministério Público confrontará os fatos noticiados com os documentos, em procedimento investigatório preliminar que será aberto, em conseqüência, para verificar a notícia.
O procurador Arion Pereira afirmou que "não havia nenhum procedimento instaurado no âmbito do Ministério Público do Paraná" em relação ao patrimônio da família do prefeito Luciano Ducci. "Desconheço da onde foi colhida essa frase, da Procuradoria do Patrimônio Público não foi", disse Pereira ao ser questionado se Veja havia entrevistado alguém do MP-PR. "O Ministério Público, na campanha [eleitoral] examina as questões de nível eleitoral, não tem que participar de uma forma ou de outra, interferindo em resultado (da eleição)", explicou.
Na reunião com cerca de 25 dos 45 deputados aliados do governo Richa na Assembleia Legislativa para fazer sua defesa em relação às denúncias da revista que levantam suspeitas sobre o crescimento de seu patrimônio, Ducci reafirmou que sua evolução patrimonial está ligada a bens herdados por sua esposa, Marry Ducci. O prefeito identificou a origem do "dossiê falso" como manobra de adversários na disputa pela prefeitura de Curitiba, prevendo que deverá ser usado na campanha em panfletos apócrifos distribuídos em locais de grande concentração de pessoas. De tarde, durante a sessão plenária, vários deputados usaram a palavra para defender Luciano Ducci.
Para o líder do governo Richa na Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB), não há dúvidas de que as acusações partem de adversários políticos de Ducci. "Se a oposição pensou em destruir a imagem do prefeito, o tiro saiu pela culatra", garantiu. Traiano não deu nomes, mas apontou que as acusações teriam vindo "do principal adversário" de Ducci. "Ele é quem tem que explicar porque hoje fala que o que disse lá atrás sobre o mensalão não tem tanto peso quanto o escândalo da Câmara Municipal", disse o Traiano. A referência é clara ao pré-candidato do PDT, Gustavo Fruet, ex-PSDB.

Na Câmara
A reação da bancada da oposição na Câmara Municipal de Curitiba virá nesta terça-feira (19), mas com relação apenas a uma das denúncias contra Ducci. Com base na Lei do Acesso à Informação, antecipou que nesta terça-feira vai entrar com pedido na Prefeitura de Curitiba para obter informações sobre as funções desenvolvidas por Cícero Paulino na administração municipal. Como ação política, paralelamente apresentará pedido de informações sobre a mesma questão na própria Câmara. De acordo com a matéria da revista Veja, Paulino, que é filiado ao PSB também, ocupava cargo em comissão na Prefeitura de Curitiba, quando na verdade seria capataz da fazenda do prefeito Luciano Ducci em Camapuã (MS). Esta cidade fica a mais de 1200 quilômetros da capital paranaense.
Na nota de esclarecimento divulgada pela assessoria de Ducci, afirma-se que "Paulino, citado pela Veja como capataz das fazendas da família do prefeito, trata-se de contador com MBA em administração pública, que presta serviços profissionais a diversas empresas. Em maio de 2010, foi nomeado funcionário em cargo em comissão na Prefeitura de Curitiba, lotado no gabinete do então vice-prefeito". Ainda segundo a nota, "em janeiro de 2012, Cícero Paulino foi desligado de sua função na Prefeitura de Curitiba. Durante todo o período em que prestou serviços à Prefeitura, não houve sobreposição entre função pública e atividade privada".
Os vereadores da oposição verificaram que de acordo com publicações no Diário Oficial do Município, Paulino foi nomeado por Beto Richa no dia 12 de maio de 2009, para exercer cargo em comissão C-3 no gabinete do então vice-prefeito. Permaneceu na função até 10 de junho de 2010, quando foi exonerado. Passado o período eleitoral, foi nomeado novamente - desta vez por Luciano Ducci, que já respondia como prefeito - para o mesmo cargo, onde permaneceu até 2 de janeiro de 2012, quando novamente foi exonerado.

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