Para ele, protestos e invasão do plenário foram orquestrados pelos petistas; as OSs foram aprovadas sob aparato policial
De Brasília, onde se encontrava ontem para participar entre outras coisas de uma homenagem ao pai, o falecido José Richa, o governador Beto Richa (PSDB) responsabilizou a bancada do PT na Assembleia Legislativa pelos protestos contra o projeto que autoriza seu governo a contratar Organizações Sociais (OSs) para assumirem a gestão de serviços públicos no Estado, e que resultou na invasão do plenário da Casa anteontem. “Vejo com muita preocupação a selvageria patrocinada pelo PT na Assembleia”, declarou.
O governador foi direto ao comentar as manifestações e a ocupação do plenário. “Foi patrocinado por eles, convocado por eles, mantido por eles, alimentado literalmente por eles”, disse, referindo-se aos deputados petistas. “O que eles querem é antecipar o processo político”, afirmou Richa, fazendo referência à disputa pela prefeitura de Curitiba em 2012. A votação do projeto das OSs em dois turnos, iniciada depois das 21 horas de anteontem, entrou pela madrugada de ontem. Os deputados precisavam votar também dois vetos para liberar a pauta.
Qualificar Organizações Sociais para terceirizar serviços públicos do Estado já está garantido para o governo com aprovação do projeto ontem em terceira discussão. A sede do Poder Legislativo amanheceu com policiamento ostensivo e controle total de quem entrava. A decisão foi tomada pelo Gabinete Militar da Assembleia. O coronel Arildo Dias, que chefia o gabinete, baixou a determinação e também quis manter o controle de pessoas nas galerias durante a sessão de ontem à tarde.
Cada deputado recebeu cinco senhas para distribuir entre interessados em acompanhar as votações no plenário. Quem fosse identificado como invasor das galerias na segunda-feira 5, não poderia entrar na Assembleia, mesmo portando senha. O deputado Tadeu Veneri (PT), criticou as senhas e disse que não distribuiria nenhuma porque a Casa não é um presídio e nem os manifestantes marginais. Criticou também a presença de dezenas de policiais militares fora e dentro do prédio, inclusive do serviço P2 da PM. As galerias estiveram vazias ontem.
“Baderna”
A ocupação do plenário para interromper a sessão e tentar evitar a votação do projeto das OSs por sindicalistas e estudantes teve o propósito de impedir que o Estado terceirize serviços públicos e abra caminho, na avaliação dos manifestantes e da bancada petista, para privatizações em várias áreas. Em relação às declarações do governador, a bancada do PT divulgou nota contestando e atribuindo as manifestações contrárias ao projeto na Assembleia, “exclusivamente à intransigência do governo Beto Richa por conta da recusa ao diálogo com a sociedade organizada sobre o tema”, diz parte da nota. “A bancada considera que, ao promover ataques indiscriminados ao PT, a gestão Richa tenta transferir o verdadeiro foco do debate”, acusam.
O deputado Ademar Traiano (PSDB), líder do governo na Assembleia, lamentou o que classificou de baderna. “Tentamos, mais de uma vez, negociar com os manifestantes uma alternativa. Sugerimos até a votação do projeto nesta terça-feira (6) e o recebimento de uma comissão deles por membros do governo, mas os baderneiros estavam irredutíveis”, reconhecendo que alguns poucos se mostraram favoráveis à proposta. Outros deputados que criticaram na sessão de ontem a invasão e alguns com indiretas aos colegas petistas, foram deputados Pedro Lupion (DEM), Ney Leprevost (PSD), Élio Rusch (DEM), Plauto Miró (DEM), Nereu Moura (PMDB) e Reinhold Stephanes Jr (PMDB). (Roseli Valério)
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