15 de dez. de 2011

O PLÁ: Tem alguma coisa errada

Foi a reação imediata e a expressão primeira quando li a manchete anunciando uma mega-operação policial envolvendo nada menos do que 1.400 policiais, entre militares, civis e da Guarda Municipal.

Uma mega-operação policial para quê?

Simplesmente para manter sob controle uma situação que normalmente transforma a cidade em um verdadeiro caos, com atos de vandalismo e violência degenerada quando se realiza uma importante partida de futebol.

E associando a este momento a lembrança daqueles atos de vandalismo que se registraram em pleno estádio do Alto da Glória e se transferiram para as ruas, fruto do incontido desespero que tomou conta de alguns bandidos travestidos de torcedores que resolveram vingar no próximo e no bem público o resultado negativo do seu time de futebol.

Que mundo é esse?

Recentemente uma mega-operação policial virou manchete e a preocupação não foi apenas aqui, mas também em outros centros do país onde times rivais se enfrentaram no desespero de uma classificação ou do rebaixamento.

E outras megaoperações policiais se repetiram de norte a sul, envolvendo milhares e milhares de policiais, de todas as corporações, que destinaram um domingo todo especial para vigiar o patrimônio público e para cuidar da vida de próximos que nada tinham a ver com a disputa do futebol.

Isso é esporte?

Por isso não tenho dúvida e sinto que a manchete reflete a realidade de uma situação que vivemos, infelizmente, por conta de seres que se dizem racionais, mas que se transformam em verdadeiros animais, incentivados pela bebida e disfarçados pelo entusiasmo da torcida, gerando situações que quase sempre terminam em prejuízos, feridos e até mortos.

Alguma coisa está errada...

Disso não tenho mais dúvidas e me preocupo com o futuro porque estamos gastando, em demasia, para salvaguardar a situação física de nossos semelhantes por causa de certos animais que fogem do controle quando se vêem contrariados simplesmente pelo resultado esportivo que não esperavam ou que lhes foi benéfico gerando uma conquista.

E todos nós, mesmo aqueles que não gostam de futebol, pagamos por isso.

Isso é esporte, questiono novamente.

Muitas outras coisas poderiam gerar megaoperações policiais para gerar mais tranquilidade ao cidadão e sua família, que se transformaram nos últimos tempos em verdadeiros reféns dos bandidos que circulam livremente pelas ruas enquanto as pessoas de bem se obrigam a viver praticamente enjauladas em condomínios e casas transformadas em verdadeiras fortalezas, com grades e aparatos de segurança, tentando evitar alguma surpresa desagradável.

Há falta de segurança, disso todos sabem, inclusive as próprias autoridades, principalmente quando no mesmo instante em que se anunciava a recente mega-operação policial uma manchete ao lado dava conta de que sem dinheiro, delegacias estão perto do colapso, tendo sido atrasada, já por dois meses, o repasso de verbas à delegacias do estado, no total de R$ 5,4 milhões.

Enquanto isso...

Bem, enquanto isso a mega-operação policial se esquematizava, utilizando helicópteros e força máxima policial para dar garantia aos torcedores e aos não torcedores que direta ou indiretamente se viram envolvidos com um clássico do futebol.

É bonito isso?

Não estou condenando a ação policial e tampouco o esquema bem montado que, mais uma vez, identificou o profissionalismo daqueles que foram envolvidos nela, mas preocupado com o fato de que poderíamos muito bem estar destinando tais recursos de verbas, aparato e esquemas para o dia-a-dia de nossas comunidades, quando boa parte da periferia hoje está tomada por bandidos de alto quilate que foram gradativamente transferindo para outras capitais, além do Rio e São Paulo, suas bases de narcotráfico e outras, situação que preocupa cada vez mais a população.

Já imaginaram, por exemplo, quanto custou somente esse dia de mega-operação policial, desde que ela começou a ser esquematizada até o momento em que se suspenderam todos os atos relacionados à mesma e se deu por concluída tão importante tarefa?

Não alguns trocados, nem pouco dinheirinho, tampouco alguns milhares de reais que poderiam ter sido destinados a outros motivos capazes de realmente convencerem e nos darem uma resposta à indagação que gerou estou comentário.

Foi muito, mas muito dinheiro, que poderia ter servido para melhorar o equipamento policial, o soldo de nossos soldados e operacionais em geral, o reequipamento de delegacias e corporações que atuam contra o crime.

Mas não, o importante foi uma mega-operação policial para garantir um espetáculo esportivo e suas consequências.

Desculpem, mas alguma coisa está errada. (Luiz Fernando Fedeger)

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