Um fim de semana agitado a partir do momento em que a sociedade paranaense tomou conhecimento da crise instalada no governo estadual com a exoneração do comandante da Polícia Militar do Paraná, coronel Marcos Teodoro Scheremeta.
O fato que poderia ter apenas repercutido internamente vazou e virou registro digno de análise, motivando as mais diferentes especulações buscando adivinhar o verdadeiro motivo dessa saída.
E do saldo de tudo, por enquanto, o impacto causado por entrevista do exonerado que admitiu relação com o jogo do bicho e os bicheiros, posicionamento que ocorre justamente quando estavam sendo assentados os danos causados por uma operação da Polícia Federal que desarticulou uma fortaleza do jogo do bicho em Curitiba, motivando as mais variadas especulações.
As declarações do coronel exonerado caíram como uma bomba e repercutiram além das fronteiras paranaenses, deixando no ar mais dúvidas do que a certeza de uma ação normal, como pretendeu o governo através do seu secretário da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, ao dar explicações sobre o fato.
Abrimos um parêntese para dar o enfoque da minha primeira reação ao saber dos fatos e suas repercussões envolvendo o registro da Polícia Militar e do jogo do bicho.
Fosse no tempo do governo Roberto Requião, confesso, não teria me surpreendido, já que o polêmico comportamento do próprio governador e à época secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, que chegou a deixar o Ministério Público para permanecer em uma secretaria da qual acabou desembarcando repentinamente quando Orlando Pessuti assumiu o governo, sempre geraram notícias que chocaram a sociedade e a levaram a um patamar de polêmicas discussões.
Mas o fato, agora, registrou-se no governo Beto Richa, depois de onze meses em que o coronel Scheremeta estava no comando da Polícia Militar, carregando, inclusive, um fardo que, a princípio, se tivesse sido revelado à sociedade, já teria por si só comprometido sobremaneira a presença do polêmico militar à frente de tão importante posto.
Marcos Scheremeta era réu em uma ação judicial sob acusação de liberar um veículo irregular quando estava no subcomando do 14º Batalhão da Polícia Militar em Foz do Iguaçu, tendo sido condenado na 3ª Vara Cível daquela cidade, motivo de um recurso do mesmo e que está sendo devidamente analisado.
Desculpem se estou errado, na visão de uns e outros, mas só esse fato já seria impedimento para que o mesmo tivesse assumido tão importante posto, já que um dos principais itens que credenciam alguém para um comando é justamente a ficha funcional sem qualquer mancha que possa comprometer sua imagem em detrimento da corporação a ser assumida.
Passando, porém, por cima desse registro, vamos à fase seguinte, em que a rota de colisão ficou claramente estabelecida entre as determinações do governo e o comando da PM, onde o coronel Scheremeta discordava de alguns procedimentos, tendo, inclusive, discordado do secretário da Segurança e do governador em caso de promoção na sua área.
Ao confirmar em entrevista à imprensa sua ligação com chefões do jogo do bicho em Curitiba ou no Paraná, mesmo que por ligações familiares do passado que nada tinham a ver com a atualidade, o coronel Scheremeta apenas antecipou aquilo que, segundo revelaram, estava previsto de virar escracho no Fantástico, situação que naturalmente iria denegrir, ainda mais, o governo paranaense.
E agora?
Novo comandante, Roberson Luiz Bondaruk, já está respondendo por um cargo que representa o comando de uma corporação das mais respeitáveis e cuja história e tradição não podem ser manchadas com situações desse tipo.
Não se pode admitir, inclusive, que até um sociólogo e ex-secretário da Segurança Pública de Minas Gerais seja chamado a opinar, dando lição moral aos paranaenses como se por aqui não houvesse autoridade suficientemente capaz de resolver os seus problemas sem a interferência de gente fora de nossas fronteiras.
Nesse tipo de situação sentimos uma sinistra intenção de comprometer o governo paranaense como um todo, colocando nas entrelinhas uma opinião desnecessária que foram buscar de uma ex-autoridade mineira a fim de dar lições de como deve ser o comportamento de uma autoridade paranaense.
Mas o fato é que, gostem ou não, sem dúvida o registro da última semana comprometeu não apenas a área de segurança pública do Paraná, mas o governo como um todo.
Conhecido pelas atitudes firmes que tem tomado a frente do governo paranaense, Beto Richa certamente não vai deixar que esse fato continue extrapolando e de forma negativa as fronteiras da administração estadual que em seu primeiro ano enfrenta um problema de tal vulto.
Tenho a certeza de que este não é o choque de gestão prometido pelo governador que ao assumir o governo do Paraná sucedendo um governo tão polêmico como foi o anterior com Requião e Pessuti.
E eu que pensei que já tinha visto tudo... (Luiz Fernando Fedeger)
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