Moradores da região trinacional participaram, há pouco tempo, de mais uma discussão: seria a vez do terror?
No município vivem 250.918 mil habitantes, conforme o Censo do IBGE 2010, mas segundos dados policiais, nem 20% da população, o que equivale a 50 mil habitantes, sofrem ou sofreram algum tipo de violência. Mesmo assim, Foz é considerada um dos lugares mais caóticos da América do Sul.
Por sua vez, os islâmicos residentes na fronteira sentiram-se prejudicados com as acusações feitas pela revista Veja em sua edição de nº 2211. Esta não foi a primeira vez que a revista acusa Foz do Iguaçu de abrigar “células terroristas”.
Veja menciona, em sua publicação, a existência de 20 terroristas no Brasil. Entre os citados está o jordaniano e presidente da Associação Árabe-Palestina, Sael Atari. O empresário Sael, que reside em Foz há 23 anos, foi a público refutar as afirmações da revista. “Tudo que está escrito na revista é mentira”, afirmou Atari, em entrevista ao site A Fronteira. Sael, que recebeu a solidariedade dos vereadores iguaçuenses, foi acusado pela revista Veja de falsificar mais de mil passaportes.
Mesmo sem apresentar provas ou novidades, ainda há quem rotule a cidade com base neste tipo de notícia. Este foi o caso da vocalista da banda Kid Abelha, Paula Toller, que publicou em seu perfil pessoal, no Twitter, a seguinte mensagem: “Tríplice fronteira sinistra, dizem que Bin Laden mora aqui e ninguém repara, porque todo mundo se parece com ele”.
Sem dúvida, tal comentário, preconceituoso, não surgiu embasado na beleza das Cataratas ou de Itaipu Binacional. Talvez Paula seja leitora da Veja, chegando, dessa forma, a tão distorcidas conclusões.
O jornal Folha de São Paulo também dedicou espaço à região trinacional. Com um enviado especial a Ciudad Del Este/Paraguai, a reportagem publicada na edição número 29.975, do dia 28 de abril, teve como intuito denegrir a fronteira de Foz do Iguaçu. O repórter foi a Ciudad del Este e comprou uma arma calibre 38, solicitando a entrega em frente a um hotel da Terra das Cataratas. Na reportagem, transpareceu a idéia de que o corte no orçamento da Polícia Federal afetou a fiscalização nas fronteiras e prejudicou as ações contra o narcotráfico e o contrabando de armamentos.
Algo que o enviado especial esqueceu de citar, entretanto, é que em outras fronteiras a situação é ainda pior. Sem distinção, as mídias negativas vendem a idéia de que Foz do Iguaçu é um local sem segurança, ótimo para comprar armas e habitado por “terroristas”. Este tipo de mídia faz crer que Foz é um celeiro sem segurança. É inevitável fazermos esta pergunta, “Por que escolher Foz, para mostrar algo que em outros lugares do mundo e no próprio Brasil existe e até mesmo em maior grau?”.
Em relação à mídia televisiva, o programa Domingo Espetacular (exibido pela Rede Record) levou ao ar, em abril de 2011, uma matéria exclusiva mostrando o tráfico de armas na fronteira do Brasil com o Paraguai. O objetivo da matéria era, nada menos, divulgar como é “fácil” entrar com armamento e munição no país. O programa também “flagrou” a caçada a contrabandistas de cigarros na fronteira. Em maio de 2010, uma equipe do programa A Liga (exibido pela TV Band) esteve na cidade e descreveu o município como “um dos lugares mais caóticos da América do Sul”.
Sem se preocupar em mostrar o lado bom da cidade, Foz foi taxada, mais uma vez, como um lugar sem lei. Queremos deixar claro, com este texto, que problemas existem em todos os lugares, sejam eles com o tráfico de drogas, de armas ou o contrabando.
A revista 100 Fronteiras não é a única a se manifestar contra o marketing negativo veiculado sobre Foz do Iguaçu. O superintendente de comunicação social da Itaipu Binacional, Gilmar Piolla, também criticou recentemente a revista Viagem & Turismo, onde, na edição de abril, expôs informações tendenciosas e mal embasadas. As lindas fotos sobre os atrativos turísticos da cidade, infelizmente, não foram compatíveis com o texto. “Esta revista também procura, embora, de forma mais sutil, repassar informações que, como sempre, resvalam no preconceito contra paraguaios e contra os brasileiros que vivem na fronteira, habitada sim, por muitas etnias, mas um lugar onde a violência só aparece na periferia, onde as drogas substituem as ações que deveriam vir do Estado”, ressaltou Piolla.
É possível chegar à conclusão que, mais uma vez, as entidades competentes do setor de turismo da região trinacional conseguem sobressair-se o suficiente para continuar a atrair mais de um milhão de visitantes a cada ano.
A revista 100 Fronteiras quer deixar claro que os pontos positivos são maiores do que os negativos, mesmo que alguns setores da imprensa insistam em focar o contrário. Sendo alvo de críticas, Foz do Iguaçu ainda é o destino mais cobiçado do mundo. (Este texto retrata a posição da revista 100 Fronteiras sobre as últimas campanhas de difamações sofridas pelo município de Foz do Iguaçu)
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