Câmara de Curitiba:Sob pressão de aliados, oito meses depois das primeiras denúncias tucano sai para evitar ser retirado .
Após meses de desgaste da imagem da Câmara Municipal de Curitiba, ontem (12) o vereador João Cláudio Derosso (PSDB) decidiu renunciar ao cargo de presidente da Casa. Desde julho de 2011 o tucano vinha sendo alvo de denúncias de supostas irregularidades em licitação e contratos para serviços de publicidade da Câmara. Enquanto tinha apoio político, Derosso apenas se afastou da presidência em novembro do ano passado e nesse ano, em fevereiro, tinha renovado sua licença por mais três meses. Por causa das eleições de outubro, porém, os vereadores curitibanos que vinham lhe dando sustentação entenderam que poderiam se prejudicar se Derosso não fosse afastado em definitivo.
O prazo dado pelos colegas para que o próprio tucano tomasse a iniciativa de deixar o cargo terminava ontem, por isso no início da sessão plenária da Câmara Municipal ele anunciou a renúncia como presidente eleito no início de 2011 para sua nona gestão consecutiva. Derosso amenizou um prejuízo político que seria ainda maior para si, ao evitar com seu gesto a aprovação de abertura de uma 'comissão processante', cujo objetivo era destituí-lo da presidência. Ontem mesmo os vereadores decidiram realizar outra eleição para escolher o novo presidente, marcada já para a próxima segunda-feira, 19.
Desde o mês passado a oposição tentava por em votação um requerimento para pedir o afastamento definitivo de Derosso através de 'comissão processante'. Foi somente na semana passada que vereadores da base aliada do prefeito Luciano Ducci (PSB), que apoiavam o tucano, decidiram assinar o documento que, não fosse a renúncia, seria aprovado ontem pelo plenário.
Antes desse desfecho, Derosso tinha sido blindado pelos colegas no Conselho de Ética da Câmara e a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para onde internamente as denúncias foram apresentadas pela oposição. Nos dois casos, embora tenha sido confirmada a existência de irregularidades, foram arquivadas com argumento de falta de provas materiais que responsabilizassem o presidente da Casa.
Carta/Nomes
Em sua carta de renúncia, Derosso declara que tomou a decisão de abrir mão do cargo visando "preservar" os colegas e a Câmara de "acusações inverídicas". E afirma que jamais "exorbitou" de suas funções, e que as denúncias contra sua gestão ainda não foram provadas, e estão sob investigação. Ele presidia a Câmara de Curitiba desde 1997 e as denúncias são relativas a duas dessas gestões passadas. O tucano vai continuar a responder ao processo - em denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual - em que é acusado de malversação do dinheiro público, mas na condição de vereador.
Para substituir João Cláudio Derosso, ontem mesmo já havia movimentação entre aliados do prefeito de Curitiba e a oposição, que irá disputar o cargo. Entre os governistas, Ducci deve influenciar a escolha a favor de um dos dois nomes cotados. Pela oposição, reunião no final da tarde de ontem decidiu pelo experiente vereador Paulo Salamuni (PV), escolhido para ser candidato à presidência da Câmara Municipal de Curitiba. O comando da Casa deve continuar na mão de aliados do prefeito, que ocupam 31 das 38 vagas.
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