6 de out. de 2011

Mais novo partido do Brasil, Partido Pátria Livre foi criado por membros do MR-8

Mais de 40 anos depois de ter sido criado para combater a ditadura, o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) funda seu partido político: o Partido Pátria Livre (PPL), cujo pedido de registro foi deferido na última terça-feira (4) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) . Muitos dos membros do partido são dissidentes do PMDB, que começou a acolher militantes do MR-8 em suas bases já no início da década de 1970. A fundação do PPL, no entanto, não é produto de qualquer conflito do movimento com os políticos do maior partido do Brasil, mas sim da crise internacional, desencadeada em 2008.

"Pelo que a gente conhece do Brasil, nosso país sempre conseguiu se desenvolver quando se abriram crises internacionais. Foi nessas fases que o projeto de nação possibilitou que o país se desenvolvesse. Hoje, com a profunda crise internacional do capitalismo, nós sentimos que é o momento de se abrir uma possibilidade de se desenvolver. Achamos que era necessário criar um partido que fosse mais definido nessa questão", afirmou o presidente regional do partido no Rio de Janeiro, Irapuan Santos, que entrou no MR-8 em 1977 e chegou a se candidatar a vereador pelo PMDB em 2008, naquela que foi sua primeira e única experiência nas urnas.

O MR-8 vinha funcionando como um núcleo informal do PMDB desde a década de 1970. Irapuan, junto com outros colegas, saiu do partido há dois anos, quando começou a trabalhar na criação do PPL. Segundo ele, por mais que a maioria das pessoas filiadas ao partido venha do movimento, muitos tinham outras filiações, como o PSB, ou nunca tinham entrado na política partidária.

O nome "Pátria Livre" vem da intenção do grupo de "libertar a nação dos interesses do capital financeiro internacional", que consideram ser o principal entrave para acabar com a miséria no Brasil. Para o PPL, a libertação começou com Tiradentes, morto por participar da Inconfidência Mineira em 1789, como diz o seu programa. Por mais que o MR-8 da década de 1960 fosse inspirado nos passos de Ernesto "Che" Guevara - que morreu no dia 8 de outubro de 1967, na Bolívia, dando nome ao grupo brasileiro - hoje, a idolatria ao argentino deu espaço a outro representante: o ex-presidente (e ditador) Getúlio Vargas. O programa do PPL traz também nomes como o de Juscelino Kubitschek e João Goulart.

"O Pátria Livre é um partido de linha nacionalista, inspirado principalmente na experiência de Getúlio Vargas", explica Irapuan.

No último congresso nacional do PPL, foram firmadas cinco prioridades nesse sentido: ampliar o mercado interno, criando mais emprego e aumentando o salário; reduzir os juros; incentivar empresas "genuinamente nacionais", tanto privadas quanto públicas, com recursos do Estado; desenvolver os setores de tecnologia de ponta; e lutar por educação e saúde gratuitas e de qualidade para todos.

O PPL é o 29º partido do Brasil e sua criação foi criticada pelo presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, logo após o deferimento de seu registro. Para o jurista, a formação de um novo partido no sentido de que o Brasil está inovando na ciência política. (O Globo)

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