24 de ago. de 2011

O PLÁ: Um pouco de otimismo

É incrível como a tal doença da corrupção atingiu o país e disseminou costumes que parecem estar contaminando cada vez mais o grande público. Por todos os cantos o que se ouve, se vê e se lê fala em corrupção ou crimes, dois elementos chaves do jornalismo atual e que ocupam o maior espaço de nossos meios de comunicação. Se antes nos deixavam em estado de choque, os programas policiais foram passados para trás por notícias, reportagens e cenas que escracham de forma explícita comportamentos acima de qualquer suspeita, que descem ao fundo do abismo e nos transmitem identificações que jamais seriamos capazes de imaginar por parte de certas “otoridades”, como dizemos sempre ao tratar de personagens com tal gabarito de comportamento. Por conta dessa situação vamos sentindo que o brasileiro, de um modo geral, foi se sentindo impotente em dominar a situação, até aceita de modo hipócrita determinados comportamentos, e quando se vê em minoria durante uma discussão acaba concordando com pontos de vista que muitas vezes não são os seus. Diante de um quadro que parece explodir de repente tomando conta do país, o brasileiro vai se sentindo tão chocado que passa a desacreditar no futuro e imaginar que as novas gerações, pelas quais somos todos responsáveis, uns mais do que os outros naturalmente, receberão como herança um país pior do que este onde vivemos.

Mas é preciso parar para olhar o mundo à nossa volta. E voltar ao passado contrabalançando o ontem e o hoje, tirando as conclusões para o futuro. Não é preciso voltar muito no tempo para sentir que o Brasil mudou. E mudou para melhor. Felizmente. Digo isso com o sentimento profissional de quem fez do jornalismo uma escola de vida pela qual fui passando, vivendo períodos de altos e baixos, me envolvendo com uma realidade que parecia também tão distante quanto impossível. Vivi o chamado tempo do arbítrio, senti os prós e contras de determinados comportamentos, dos dois lados, e desembarquei em um novo tempo quando as coisas passaram a se tornar mais claras, embora muitos vícios permanecessem agarrados aquilo que passou a ser grande doença do país: a corrupção. Gente nas quais depositamos esperanças foram se contaminando e muitas nos decepcionaram.

O Brasil foi mudando. Gradativamente. E chegamos a um novo século vendo o país abrir a janela para o mundo, passar a respirar economicamente de forma mais respeitável e primando por uma vida melhor a todos os seus concidadãos. Claro que ainda não atingimos o ideal em termos de qualidade de vida, o que certamente vai levar, ainda, muito tempo. Mas a esperança se mantém e se renova a cada dia. Embora a doença, como um câncer que busca novas cédulas para contaminar, a corrupção foi de disseminando e atingindo outras áreas além da política, encontrando diferentes fórmulas de atingir segmentos que passaram do social ao econômico, do profissional a religião, e chegando ao dia a dia do brasileiro que não mais se conforma com este estado de coisas e vem dando, cada vez mais, o grito de alerta em busca de uma nova realidade.

Dia desses, conheci um novo amigo, pessoa que assim passei a identificar, o Dr. Marco Antônio, um médico carioca que ao lado de sua esposa, Dona Cláudia, nos deram, a mim, minha esposa e netos que estavam em nossa companhia vivendo um momento de lazer, oportunidade em que pude transmitir o espírito de otimismo que venho sustentando com muito sacrifício, é verdade, mas certo de que se Deus quiser, ainda chegaremos lá, isto é, ao momento em que a corrupção será apenas um crime comum como um deslize que o Código Penal pune de imediato àqueles que são alcançados pelos braços da Justiça. Meu amigo, médico carioca que me contava da preocupação com um Rio de Janeiro onde o perigo parece conviver com o dia a dia de sua população, chegando ao ponto de ali pertinho, em Niterói, assassinarem, há poucos dias, uma juíza linha-dura que recebeu 21 tiros defronte sua residência por causa do seu rigor, há pelo menos nove anos, na condenação de policiais que atuam contra os princípios que juraram defender, estava transmitindo por todos os poros seu pessimismo com o fim da corrupção. Tentei, confesso que não fui muito longe,transmitir uma mensagem otimista que venho procurando alicerçar cada vez mais como pessoa que influencia a opinião pública, e que está vendo um Brasil de mudanças no qual precisamos acreditar, inclusive com a esperança de entregá-lo mais limpo e mais humano aos nossos filhos e netos.

Lembrei das mudanças que hoje nos mostram prisões e condenações de pessoas acima de qualquer suspeita que estão sendo a cada dia alcançadas pela Justiça, transmitindo principalmente o meu otimismo quanto ao Ministério Público e da nova safra de juízes e desembargadores, ministros e até políticos, que nas áreas do Poder Judiciário, do próprio Legislativo e do Executivo, já mostram uma renovação de quadros, que ainda é lenta mas gradual e positiva, de onde já permite separar adequadamente o joio do trigo, o que não aconteceu há alguns anos passados. O momento era de lazer e depois de algum tempo ouvindo sua descrença na forma de um pessimismo por conta de quem vem ouvindo, diariamente, queixas e reclamações, sentindo na pele que o Brasil poderia ser ainda melhor, nos despedimos sentindo cada um, naturalmente, que realmente estamos vivendo um país novo, ou pelo menos em clima de mudanças.

O próprio local em que nos encontrávamos é prova disso, tanto que mais brasileiros, cada vez mais, desfrutam de oportunidades de conhecer locais que antes eram reservados apenas àqueles poderosos e que se julgavam pessoas acima de qualquer suspeita, prontos a pagar o que os mais pobres jamais poderiam desfrutar. Diante de tal quadro, embora o descrédito de muitos brasileiros permaneça, mantenho o otimismo de que vamos vencer esta doença terrível chamada corrupção, descobrindo para ela tanto quanto ao câncer, um remédio infalível e que nos transporte para um tempo em que nossos filhos, netos, bisnetos e futuras gerações possam lembrar contando histórias e estórias daqueles tempos, em que os avós e bisavós mal tinham esperança de encontrar a verdadeira felicidade. (Luiz Fernando Fedeger)

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