De um lado o ex-prefeito de Maringá, ex-deputado federal e ex-secretário da Indústria e Comércio, Ricardo Barros. Do outro, Edson Campagnolo, empresário da região de Maringá.
Dois lutadores que vão se enfrentar nas urnas em agosto vindouro, num pleito que embora seja de caráter representativo de uma entidade empresarial, tem nítidos contornos e reflexos políticos que se farão sentir ao longo do tempo.
Já faz um bom tempo, aliás, que não acontece uma disputa tão forte na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), cujo orçamento representa um verdadeiro tesouro para aqueles que vão dirigi-la e que poderão proporcionar um programa de obras e realizações capazes de projetar uma administração nesta área.
O empresariado paranaense na área industrial vive dias de intensa agitação com esta eleição que já teve alguns lances que a identificaram politicamente como disputa não apenas de grupos mas de interesses evidentemente políticos como já aconteceu em outras oportunidades.
Voltando no tempo, recordemos o saudoso José Carlos Gomes Carvalho, o Carvalhinho, que chegou à presidência da FIEP e ganhou enorme repercussão a sua administração na entidade, oportunidade em que politicamente ligou-se ao time de Jaime Lerner.
Na última eleição que estava para disputar, contudo, e que repentinamente abandonou, viu o então governador da época, Roberto Requião, arregaçar as mangas e partir decisivamente para o apoio ao candidato Rodrigo Rocha Loures, que acabou ganhando a eleição.
Foi um início conturbado da nova administração, com denúncias contra o novo presidente seguido de um tempo em que entrou em rota de colisão com o seu apoiador Roberto Requião, desvinculando-se politicamente do mesmo embora seu filho, Rodriguinho, se mantivesse ligado ao citado político e se elegendo deputado federal.
Vencido seu tempo ,Rodrigo Rocha Loures resolveu pendurar as chuteiras, como dizem, e escolheu um companheiro de diretoria, Edson Compagnolo, para sucedê-lo.
Foi então que veio, do lado de lá, o recado de que o novo governo paranaense teria interesse em eleger para a presidência da FIEP, um nome que lhe fosse mais intimamente ligado, já que politicamente isto traz frutos no futuro junto à classe empresarial.
Ricardo Barros, ex-deputado federal que havia perdido uma eleição para senador no ano passado, mas se aproximara de Beto Richa, passou a ter seu nome especulado para a FIEP tão logo assumiu cargo no governo do PSDB.
Depois de marchas e contramarchas finalmente o ex-prefeito de Maringá colocou-se como candidato à presidência da FIEP e tratou de montar a sua chapa.
Dizendo que pregava o consenso para chapa única anunciou inicialmente seu apoiamento para o sindicalista Carlos Walter, ao qual abandonou no meio do caminho ganhando com isso o apontamento de traidor e lançando-se candidato.
Aqui começa o imbróglio. Um imbróglio político que poderá ter reflexos futuros.
Se Ricardo Barros vencer, tudo bem, vai bater no peito e naturalmente se sentir que ganhou por competência na disputa. Mas, se perder...
E ai justamente é que mora o perigo.
Se perder não vão dizer que foi uma vitória de Campagnolo e seu apoiador Rodrigo Rocha Loures.
Vão explorar, naturalmente, como, aliás, é comum na política, a derrota do grupo de Beto Richa que apóia francamente a chapa de Ricardo Barros na eleição para a FIEP.
Uma derrota política de Beto Richa a esta altura, é negativa sob todos os pontos de vista, mas está no contexto, gostem ou não. Por isso, além da responsabilidade em vencer, Ricardo Barros tem mais uma responsabilidade, evitar o desgaste do seu padrinho-político nesta empreitada.
Uma derrota política a esta altura pode ser, inclusive, a pá de cal para a sepultura do ex-prefeito, ex-deputado, ex-candidato a senador e ex-secretário de estado, Ricardo Barros.
Uma identificação que poderá interromper, sem dúvida, promissora carreira política, levando-o ao perigo de ser lembrado futuramente apenas como “marido da deputada Cida Borghetti”.
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