22 de dez. de 2011

O PLÁ: Beto e Dilma, 1º ano

Foi um ano político atípico, como são todos em que o governante inicia o seu primeiro ano, fazendo depois dos 365 dias um balanço do que aconteceu e o que deixou de acontecer para quem inicia um governo.

Beto Richa e Dilma Rousseff a esta altura já começaram, certamente, a fechar o balanço, e até o dia 31 de dezembro vão passar a régua e contabilizar os resultados do primeiro ano de governo, traçando planos para 2012 que está chegando mais desafiador do que nunca.

O Paraná e o Brasil mudaram e não apenas Beto e Dilma sentiram essa mudança, pois os paranaenses e brasileiros viveram em 2011 uma série de situações que nos colocam frente a um quadro que nos desafia para o futuro sem direito a volta.


Beto Richa chegou trazendo a esperança para um governo que teve período de transição, depois dos paranaenses viverem sete anos e pouco a administração Roberto Requião, cujos resultados nestes dois novos mandatos deixaram claro que os eleitores jamais deveriam ter cometido o erro de uma nova chance ao truculento político do Bigorrilho.

Orlando Pessuti veio para um período de transição e, ao contrário de se acomodar quietinho no cumprimento de uma tarefa administrativa, se imaginou com um final de mandato todo seu quando na verdade foi apenas um coadjuvante, deixando na imagem final uma foto defronte um Palácio Iguaçu que reinaugurou, mas cujas obras ainda não terminaram.

E Beto Richa desembarcou em um Paraná esperançoso de um governo sem atropelos e com planos reais de administrar um estado onde a falta de diálogo havia sido uma constante nos últimos oito anos.

Errou, de início, ao não ter logo no discurso de posse, exposto a verdadeira situação em que recebia o estado, fazendo o estilo protocolar de deixar para mais tarde a verdadeira exposição que os paranaenses deveriam ter ficado sabendo desde que se virou a página do termo de posse cuja solenidade, mais uma vez, foi aquela velha conhecida dos tapinhas nas costas e sorrisos amarelos que disfarçavam o constrangimento de quem sabia o que estava assumindo, pois já tinha sentido nas entrelinhas que o verdadeiro retrato do Paraná era muito diferente daquele que lhe fora apresentado.

E aquilo que se previa aconteceu.

Pouco tempo depois os paranaenses caíram na realidade, e mal começavam as cobranças das promessas de campanha, Beto Richa se obrigava a expor números e situações que enfrentaria, pelo menos no primeiro ano de governo, muito mais com habilidade e diálogo do que com a experiência administrativa que trazia de forma brilhante por ter sido prefeito de Curitiba.

E começou costurando uma aliança política que fez desembarcar em seu governo gente estranha que já vinha se arrastando junto com o governo anterior e que ganhou cobiçados cargos e situações para “vender” o seu apoiamento.

Este é, aliás, um capítulo a parte que identificou plenamente traidores de Requião e Pessuti que também acreditaram em muitos que os acompanharam e “mamaram”, desculpem a expressão, em seus anos de governo.

Foi um ano difícil, sem dúvida, ajeitando situações financeiras e planos que só poderão ser viabilizados depois que o caixa do Tesouro Estadual estiver plenamente saneado de situações criadas nos últimos tempos, em que foram consideradas comprometedoras.

Aliás, também neste caso abrimos mais um parênteses, já que a tal Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que promete cobranças enérgicas, pelo menos no caso do Paraná deixou um saldo que não se justifica, pois Requião e Pessuti deixaram compromissos pendentes, o que não poderia ter ocorrido.

O ano de 2011 está se encerrando e, Beto Richa, por enquanto, ainda surfa nas ondas de uma popularidade que conquistou junto aos paranaenses que aguardavam mudanças radicais no estado e que ainda são devedoras.

Uma coisa, contudo, é digna de registro.

O Paraná já mudou e a temporada de diálogo, quando homens públicos se entendem e junto com o empresariado e a população somam esforços no sentido de realmente transformar o Paraná, fecha o ano com uma nova imagem.

O ano que está chegando é aquele que realmente poderá propiciar cobranças quanto a promessas e planos de governo que até 2014 deverão estar, pelo menos, em pleno andamento.

E vamos à imagem de Dilma Rousseff e seu primeiro ano de governo que está sendo concluído.

Imagem que herdou de um presidente popular cujos erros administrativos foram sempre superados por um discurso que embalou os sonhos de que o Mensalão foi apenas uma denúncia política e que o mundo se deslumbrou com aquele que nunca na história desse país tanto realizou em favor do seu povo.

Participante do governo Lula que fechou seus oito anos de mandato com uma imagem mais favorável do que todos aqueles que o antecederam, Dilma Rousseff não apenas herdou situações e compromissos do governo anterior como ficou com a mala de alguns ministros que chegaram de encomenda e se borraram de cara porque imaginaram que este bolo não teria fim e as moscas permaneceriam a sua volta por muito e muito tempo.

E o ano se perdeu com sobras anteriores sendo administradas enquanto a imagem de Dilma Rousseff ia se consolidando com simpatia, mas sendo cobrada a cada instante por alguns acompanhantes que arrastou consigo quando virou presidente, ou presidenta.

Por enquanto, sete ministros já caíram e outros ainda permanecem sob suspeita, deixando claro que só mesmo uma limpa completa na imagem política do passado poderá lhe permitir uma identificação com os brasileiros de que seu governo não é apenas uma continuação.

Se todas as mudanças ministeriais ainda previstas forem concretizadas, quem sabe Dilma Rousseff possa realmente iniciar o seu próprio governo com cara e atos que identifiquem estar o país se preparando para uma arrancada que o próprio mundo em crise lhe propicia na condição de emergente.

Lula por enquanto cuida da saúde e de recompor a imagem de “sapo barbudo” que um dia Leonel Brizola dizia ser difícil de engolir, embora mais tarde estivesse lado a lado.

É sabido por todos que o ex-presidente vai continuar com a máxima influência neste governo, assim como o próprio Zé Dirceu, que ainda mantém descaradamente ligações petistas que deixam claro o papel partidário que Dilma Rousseff terá que administrar antes de pensar em sua própria identidade política.

Claro que já deu sinais de mudança e isso fica evidente no diálogo hoje que mantém, entre outros, com Beto Richa, governante do PSDB, situação que causa arrepios em sua base aliada, principalmente aquela xiita que não aceita imagens da presidente em sorrisos com um governador de outro partido.

Dilma, nesse aspecto, mostra que está sabendo separar as coisas e já estendeu a seus ministros, principalmente Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, que seu governo será, de fato, em alto nível no que diz respeito à convivência política, doa a quem doer.

Diante desses dois quadros, um no plano estadual e outro nacional, só nos resta, como simples mortais, manter viva a esperança de que tanto o Paraná quanto o Brasil abram os horizontes de 2012 com a confirmação de nossas esperanças. (Luiz Fernando Fedeger / foto - Roberto Stuckert)

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